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Não devemos sacrificar o meio ambiente

23 de junho de 2020
4 min. de leitura
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Imagem de moedas empilhadas com uma planta nascendo e de uma pequena casa de madeira em miniatura
Pixabay

Os governos devem cuidar para que não sacrifiquem os esforços da descarbonização mundial em prol da prosperidade econômica. Porém, ao mesmo tempo, não devem desacelerar o crescimento para alcançar um mundo mais limpo. É preciso encontrar uma maneira de fazer ambos. A crise da Covid-19 tem priorizado os temas que prevalecem nas atuais atitudes econômicas em relação ao aquecimento global.

Em primeiro lugar, essa emergência demonstrou que existe uma atitude muito preocupante entre os políticos, os economistas e possivelmente o público em geral de que abordar as preocupações ecológicas é um luxo e deve passar a um segundo plano quando as economias estão em dificuldade. Dado que recuperar o crescimento perdido nos últimos dois meses poderia levar décadas, as questões ecológicas poderiam passar permanentemente a um segundo plano até que as economias voltem a níveis similares aos princípios de 2020.

Em segundo lugar, tem aumentado o risco oposto de que o público reaja à pandemia rechaçando o comércio mundial e a globalização e, em seu lugar, adote modelos econômicos restritivos que à primeira vista poderiam reduzir as emissões de CO2, mas sob um custo massivo para o crescimento econômico mundial.

Neste cenário de “diminuição”, a falta de recuperação aparentemente vira a principal ferramenta contra o aquecimento global. Porém, é questionável se seria política ou socialmente aceitável que as economias perdessem coletivamente em 2021 qualquer recuperação a respeito da atual recessão e logo aceitassem uma nova recessão de uma década de duração por meio de uma agenda em diminuição.

Se considerarmos a intensidade de carbono como uma unidade de carbono por unidade de PIB, esperamos que o crescimento do PIB mundial demonstre que as emissões de CO2 diminuíram 6% esse ano. Embora isso possa mostrar que um menor crescimento mundial é melhor para o meio ambiente, está muito distante da taxa de diminuição calculada pela
Coalizão Mundial de Investidores (GIC) de como precisaria ser para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus para o final do século XXI.

Todavia, teríamos de ver uma nova redução de 13% e esperaríamos que as emissões de CO2 se recuperem, como foi feito depois da crise financeira de 2008-2009, em 2021. Por isso, a contração econômica não nos tem dado mais tempo para resolver o aquecimento global, nem a recessão tem tido um impacto significativo na troca de nossa produção de CO2.

Apesar da crise, não podemos adiar o aumento de nossos esforços para descarbonizar nossas economias. Se adiarmos, em breve teremos duas opções sombrias: renunciaremos a frenagem do aquecimento global e aceitaremos os devastadores custos ambientais, sociais, econômicos e geopolíticos, ou entraremos em um período de recessão duradoura.

As estimativas da Comissão Europeia sugerem que, para alcançar uma transação verde, os esforços de inversão devem ser ao redor de 2-3% do PIB anual. Enquanto muitas dessas “inversões de transição” não mostrar uma rentabilidade imediata, o que se deveria ter em conta é o verdadeiro custo que o aquecimento mundial terá em última instância nas economias nacionais e internacionais.

Não obstante, a recessão traz um resquício de esperança aos investimentos destinados a fazer frente ao aquecimento global da Terra. Aproveitando o baixo nível dos tipos de interesse, um Fundo Europeu de Emergência Climática, que poderia oferecer uma dívida conjunta a longo prazo, poderá utilizar o investimento para financiar projetos de transição ecológica.

Estes seriam assumidos pelos governos ou pelas empresas e poderiam brindar a oportunidade de juntar o crescimento econômico e frear o aquecimento do planeta. A integração fiscal europeia, que essa crise tem demonstrado ser muito necessária, também poderia beneficiar-se dessa empresa e conduzir um maior crescimento.

É totalmente compreensível que as preocupações ecológicas tenham deixado de lado o prazo imediato para concentrar os esforços políticas na pandemia, e parabenizo os governos e as empresas que têm adotado as medidas adequadas para proteger aos empregados e a continuidade da empresa. Contudo, agora não devemos perder de vista a transição para uma economia ecológica quando começamos a recuperar nossas perdas e recordar que uma crise ambiental no futuro poderia ser igualmente prejudicial, se não mais.


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