A decisão da Namíbia de condenar à morte 723 animais selvagens e de espécies em extinção, incluindo 83 elefantes, sob o pretexto de fornecer carne à população em meio à seca, é profundamente cruel. Esta medida, anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente do país, reflete uma visão retrógrada e insensível em relação aos direitos animais, especialmente em um momento que espécies estão sendo dizimadas para atender a necessidades humanas imediatas.
A matança planejada inclui elefantes, hipopótamos, búfalos, impalas, gnus, zebras e elandes, todos habitantes de parques e áreas comunitárias que deveriam ser santuários de preservação, mas que, agora, se tornaram campos de extermínio. A justificativa dada pelas autoridades – de que o número de animais excede as pastagens disponíveis – ignora completamente o valor intrínseco desses seres e a responsabilidade de protegê-los, sobretudo em um momento de crise climática que já ameaça a sobrevivência de tantas espécies.
É verdade que a região enfrenta uma das piores secas em décadas, e que a insegurança alimentar é uma realidade crescente para quase metade da população namibiana. No entanto, condenar à morte centenas de animais para suprir uma necessidade momentânea não só falha em resolver o problema de forma sustentável, mas também perpetua uma cultura de violência e exploração contra seres que compartilham o mesmo ecossistema.
O governo da Namíbia argumenta que a medida está em conformidade com o mandato constitucional de utilizar os recursos naturais em benefício dos cidadãos. Contudo, essa visão limitada ignora alternativas mais éticas e sustentáveis, como a implementação de programas de conservação que protejam tanto a vida selvagem quanto as necessidades humanas a longo prazo. A morte desses animais, muitos deles pertencentes a espécies ameaçadas, não pode ser justificada como um “recurso natural” a ser explorado.
Além disso, a morte de 83 elefantes, uma espécie já ameaçada, é especialmente alarmante. Os elefantes são criaturas altamente inteligentes e sociais, cuja perda não é apenas uma tragédia para a espécie, mas para todo o ecossistema. Cada elefante morto é uma perda irreparável para a biodiversidade global e um passo em direção à extinção.
Em vez de recorrer à violência, é crucial que a Namíbia, assim como outros países enfrentando crises similares, busquem soluções que respeitem a vida animal e promovam a coexistência pacífica entre humanos e a fauna selvagem. A morte em massa não é uma solução viável nem ética; é uma decisão que deve ser reavaliada em nome da preservação da vida e do respeito aos direitos animais.