A Namíbia começou ontem (03/09) a matança de mais de 700 animais selvagens, incluindo hipopótamos, elefantes, búfalos e zebras, sob a desculpa de alimentar a população do país e aliviar a pressão sobre pastagens e água prejudicadas pela seca. A medida cruel foi anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente do país na última semana e já está sendo colocada em prática.
Pelo menos 157 animais já foram mortos, informou Romeo Muyunda, porta-voz do Ministério, à Agence France Presse, sem dar nenhuma informação sobre a duração do processo. Caçadores foram encarregados de matar 723 animais ao todo, incluindo 30 hipopótamos, 83 elefantes, 60 búfalos, 100 gnus azuis, 300 zebras, 100 elandes e 50 impalas (dois tipos de antílopes), a maioria deles vivendo nos parques nacionais protegidos do país.
A ONG de direitos animais PETA publicou uma carta em seu site endereçada à primeira-ministra Saara Kuugongelwa-Amadhila, pedindo que “reconsidere” essa medida, “não apenas cruel, mas também perigosa a curto prazo e sem efeito a longo prazo”. Nesta carta, Jason Baker, vice-presidente da organização, acredita que a caça também poderia desequilibrar ecossistemas.
Um grupo de pesquisadores africanos e ativistas ambientais, por sua vez, estimou em comunicado que este massacre cria um precedente que autoriza os governos a “explorar a vida selvagem protegida e os parques nacionais sob o pretexto de necessidades humanitárias”. Eles questionam se um estudo de impacto ambiental, um censo de animais e avaliações de insegurança alimentar foram realizados antes de decidir pela medida de abate.
Os ativistas apontam que a matança está sendo realizada às vésperas das eleições gerais de novembro na Namíbia e acreditam que a carne está destinada a ser distribuída em áreas onde o partido governante, a Organização do Povo da África do Sudoeste, tem forte apoio.