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Na Ítália, projeto de lei coloca em risco os direitos humanos dos vegans

22 de agosto de 2016
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Uma lei que afeta pais e mães vegans foi proposta pela parlamentar italiana Elvira Savino, membro do partido de centro-direita Forza Italia. Pelo projeto de lei, pais vegans podem ser presos por até quatro anos, caso mantenham seus filhos com uma alimentação vegetariana estrita.

Na proposta apresentada ao parlamento italiano, poderia ser dito que a redação abrange dietas “pouco saudáveis e restritivas em geral”, mas há enfoque sobre o veganismo. De acordo com Savino, a razão pela qual ela se concentra nos vegans é porque ela acredita que a alimentação vegetariana estrita, quando adotada por crianças, muitas vezes leva à falta de ferro, zinco e vitaminas importantes para o crescimento. Ela cita doenças como anemia e problemas neurológicos como consequência de desnutrição grave.

A proposta de lei de Savino veio após alguns casos na Itália de crianças desnutridas retiradas de seus pais, por serem alimentadas com uma “alimentação vegana”.

A International Vegan Rights Alliance (IVRA) reagiu à proposta com uma carta aberta a Savino, dizendo que “o veganismo é um modo de vida que é protegido sob os princípios dos direitos humanos”. Este grupo e outros argumentam que o veganismo é protegido nos termos do artigo 9º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. A IVRA afirma que as declarações de Savino sobre o veganismo são “mal informadas”, “discriminatórias”, e com base em “suposições falsas”. Na sua carta, eles continuam:

“Tendo em vista a gravidade da deturpação do veganismo, e para mostrar respeito pela comunidade vegana, nós respeitosamente pedimos que você reconsidere o vocabulário e redação do seu projeto de lei proposto e o altere em conformidade.”

Enquanto isso, uma declaração de Walter Caporale, do grupo italiano Italia Animalista, destacou o seguinte:

“A dieta vegana é completamente sustentável, mesmo para crianças, quando acompanhadas das informações corretas sobre os produtos a se consumir e controle feito por um médico.”

O IVRA também indicou que pode haver muitas causas de desnutrição, o que significa que deve haver um foco muito mais amplo no dever dos pais em proporcionar aos seus filhos uma dieta saudável e nutritiva – ao invés de destacar vegans (que representam apenas 1% da população da Itália) por seguir uma dieta supostamente insalubre. Afinal, crianças são hospitalizadas por desnutrição decorrente de dietas que incluem produtos de origem animal também.
O que os especialistas têm a dizer?

A Academia de Nutrição e Dietética (anteriormente chamado a American Dietetic Association) é a maior organização de alimentação e nutrição profissional dos Estados Unidos e representa mais de 100.000 profissionais. Em 2009, eles deixaram clara a sua posição sobre dietas vegetarianas e veganas:

“É a posição da American Dietetic Association que dietas vegetarianas apropriadamente planejadas, incluindo dietas totalmente vegetarianas ou veganas, são saudáveis, nutricionalmente adequadas, e podem fornecer benefícios de saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças. Dietas vegetarianas bem planejadas são apropriadas para indivíduos durante todas as fases do ciclo de vida, incluindo a gravidez, lactação, primeira infância, infância e adolescência, e para atletas.”

Savino, entretanto, não é de forma alguma uma especialista em nutrição. Sua formação é em economia e negócios. E dada a crítica de que a lei mal-pensada de Savino é um ataque aos direitos humanos, resta esperar se ela realmente passará.

Com informações do site The Canary.

Fonte: Veggi & Tal

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