Na Reserva de Tigres de Similipal, no estado de Odisha, no leste da Índia, a recuperação gradual da população de tigres trouxe à tona um fenômeno genético raro: o pseudomelanismo. Diferente do melanismo verdadeiro, essa mutação não torna o animal completamente negro, mas provoca o alargamento e a fusão das listras, deixando a pelagem visivelmente mais escura. Hoje, cerca de metade dos cerca de 30 tigres que vivem na reserva apresentam essa característica incomum.
Embora a mutação em si não seja considerada prejudicial à saúde dos animais, os cientistas a veem como um importante sinal de alerta biológico. A alta incidência de pseudomelanismo em Similipal é um forte indicativo de baixa diversidade genética, resultado do isolamento da população local. A falta de corredores ecológicos que conectem a reserva a outras áreas florestais impede o fluxo natural de indivíduos, aumentando o cruzamento entre animais aparentados ao longo das gerações.
Especialistas em genética da conservação explicam que, em populações pequenas e isoladas, mutações raras tendem a se tornar mais frequentes justamente por falta de variabilidade genética. Esse cenário torna a população mais vulnerável a doenças, infertilidade e mudanças ambientais, ameaçando a sobrevivência a longo prazo, mesmo com o aparente crescimento no número de indivíduos.
Diante desse quadro, gestores florestais de Similipal passaram a trabalhar em parceria com geneticistas e autoridades ambientais para desenvolver estratégias de conservação ativa. Entre as medidas estudadas está a introdução controlada de novos tigres vindos de outras reservas indianas, além da criação de corredores de vida selvagem que possam reconectar Similipal a outros remanescentes florestais. O objetivo não é apenas manter a população, mas garantir sua saúde genética e reduzir os riscos associados à endogamia.
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