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IMPACTO NEGATIVO

Muros de fronteira isolam populações de linces selvagens e ameaçam mais espécies na Europa

Construções como o muro entre Polônia e Belarus fragmentam habitats, isolam espécies e podem acelerar extinções, alertam cientistas

29 de abril de 2025
2 min. de leitura
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Um lynx no Białowieża National Park. Foto: Henryk Sadura/Alamy

O crescimento acelerado da construção de muros de fronteira ao redor do mundo está gerando impactos não apenas para humanos, mas também para a vida selvagem. Um estudo sobre muro construído pela Polônia na fronteira com Belarus, em 2022, revelou que a barreira isolou cerca de 15 linces-europeus na floresta de Białowieża, dividindo seu habitat e provocando um gargalo genético que ameaça a sobrevivência da espécie na região.

A barreira de 5,5 metros de altura, equipada com arame farpado, câmeras e sensores, também fragmentou populações de bisões, lobos e alces que habitam a floresta, considerada Patrimônio Mundial da Unesco. Pesquisadores relataram que os animais evitam se aproximar do muro, com monitoramento mostrando pouquíssimos registros de vida selvagem na área, enquanto sons e atividades humanas penetram centenas de metros na floresta.

O fenômeno não é isolado. Desde a queda do Muro de Berlim, o número de muros de fronteira no mundo saltou de seis para 74, com mais construções previstas. Essas barreiras têm efeitos devastadores para mais de 700 espécies de mamíferos, incluindo leopardos, tigres, guepardos e o antílope-saiga, criticamente ameaçado. O muro entre os Estados Unidos e o México, por exemplo, já fragmentou populações de pumas, corujas-pigmeias e coiotes.

A pesquisa destaca que, mesmo que os muros sejam removidos no futuro, os impactos podem ser duradouros. Um exemplo é o da fronteira entre a República Tcheca e a antiga Alemanha Ocidental, onde cervos ainda evitam cruzar a linha imaginária, décadas após a retirada da cerca elétrica.

Para reduzir os danos ambientais, cientistas sugerem alternativas como deixar aberturas nas cercas, reduzir o uso de luz e ruído e eliminar o arame farpado nas partes superiores, que frequentemente ferem animais. Estudos mostram que pequenos espaços do tamanho de uma folha A4 no muro EUA-México já permitem a passagem de espécies menores como coiotes, javalis e texugos, detalha reportagem do jornal The Guardian.

O alerta dos pesquisadores é que, num cenário de mudanças climáticas e migrações forçadas, a necessidade de corredores ecológicos é urgente. Sem medidas de mitigação, o endurecimento das fronteiras pode acelerar a perda de biodiversidade em escala global, empurrando espécies vulneráveis para a extinção.

Fonte: Um só Planeta

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