Uma nova pesquisa sobre a poluição e seus efeitos nos seres humanos será apresentada no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia que ocorrerá entre os dias 4 e 6 de setembro em Barcelona, na Espanha.
Segundo comunicado da Fundação Europeia de Pulmão, o trabalho analisou os diferentes impactos do ar poluído tanto em homens quanto em mulheres.
“Nossa pesquisa anterior mostrou que respirar o escapamento de diesel cria inflamação nos pulmões e tem um impacto sobre como o corpo lida com infecções respiratórias”, relata Hemshekhar Mahadevappa, professor da Universidade de Manitoba, no Canadá. “Neste estudo, queríamos procurar quaisquer efeitos no sangue e como eles diferem em mulheres e homens.”
A pesquisa foi feita em colaboração com outros dois grupos de pesquisas liderados pela professora Neeloffer Mookherjee, da Universidade de Manitoba, e pelo professor Chris Carlsten, da Universidade de British Columbia, no mesmo país.
Para a análise, os times recrutaram dez voluntários, sendo cinco mulheres e cinco homens. Com intuito de entender os efeitos do ar contaminado, os voluntários passaram quatro horas respirando ar filtrado e quatro horas respirando ar contendo gases de exaustão de diesel em três concentrações diferentes.
As concentrações foram divididas em 20, 50 e 150 microgramas de material particulado fino (PM 2,5 ) por metro cúbico. A fim de evitar danos à saúde dos voluntários, um intervalo de quatro semanas entre cada exposição foi adotado.
Após 24 horas de cada exposição, uma amostra de sangue era coletada de cada voluntário. Os pesquisadores se dedicaram a analisar o plasma sanguíneo, componente líquido que transporta células, proteínas e outras moléculas pelo corpo.
Foi aí que os autores identificaram níveis mais altos de intoxicação por gases poluentes entre as mulheres. “Essas são descobertas preliminares, no entanto, mostram que a exposição ao escapamento de diesel tem efeitos diferentes nos corpos femininos em comparação aos masculinos, e isso pode indicar que a poluição do ar é mais perigosa para elas”, analisa Mookherjee.
Comparando as amostras de plasma, os pesquisadores encontraram níveis de 90 proteínas que eram diferentes entre voluntários do sexo feminino e masculino após a exposição ao escapamento de diesel.
As proteínas que mais se diferem entre mulheres e homens são aquelas conhecidas por atuar em processos como inflamação, reparação de danos, coagulação do sangue, doenças cardiovasculares e no sistema imunológico.
“Isso é importante, pois doenças respiratórias como a asma são conhecidas por afetar mulheres e homens de maneira diferente, com as mulheres mais propensas a sofrer asma grave que não responde aos tratamentos”, alerta Mookherjee. “Portanto, precisamos saber muito mais sobre como mulheres e homens respondem à poluição do ar e o que isso significa para prevenir, diagnosticar e tratar doenças respiratórias”.
Fonte: Revista Galileu