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Mulher viaja pelo mundo para salvar cães e gatos de países devastados por guerras

26 de novembro de 2017
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No entanto, nada poderia ter preparado Louise para o horror da guerra. Era Janeiro de 2004 e na sua função logística, Louise nunca havia sentido tanto medo.

Louise e um cão no Iraque neste ano/ Foto: Reprodução, Mirror

Balas passavam pela base do exército durante todo o dia, fazendo-a tremer e o chão estremecer quando as bombas eram detonadas. “Aqueles primeiros dias foram terríveis. Mas algo que realmente me atingiu, sobre o qual eu nem tinha refletido quando recebi meus formulários de inscrição,  eram os animais – as vítimas inocentes pegas no fogo cruzado”, diz.

Mesmo sem os conflitos, a vida de um cão ou gato abandonado nascido em um país deserto como o Iraque era curta. A região pode atingir 40 °C no verão e -20 °C no inverno. O solo congela e não há como encontrar alimento a menos que seja no lixo. Com a guerra devastando o território, as vidas dos animais se tornaram ainda mais insuportáveis. Louise testemunhou um terrível sofrimento humano, mas, embora houvesse instituições de caridade que ajudavam a população do Afeganistão, os cães e os gatos eram constantemente deixados para sobreviver sozinhos.

Ainda que Louise e suas tropas viajassem entre diferentes bases, ela testemunhou dezenas de animais em péssimas condições na estrada. Alguns estavam mortos e outros tinham sido atingidos por veículos blindados e tinham ossos quebrados e membros mutilados. Infelizmente, a raiva também era generalizada.

“Tendo crescido com animais domésticos, sempre fui uma amante de animais. Quando eu tinha 15 anos, presenciei um proprietário de uma loja de animais colocando dois ratos vivos na gaiola de uma cobra. Comprei os ratos e o denunciei ao conselho. Ver a dor que essas criaturas viveram foi desolador. Não poderia suportar não fazer nada”, conta Louise.

Os moradores locais enxergavam os gatos e cães abandonados como um incômodo e os envenenavam, mas o veneno paralisava o sistema respiratório, causando uma morte lenta e cruel.

“Eu queria fechar os olhos para a dor, fisicamente e metaforicamente, mas não conseguia, especialmente quando um dos nossos limpadores me trouxe um gatinho meio morto. O chefe me disse que eu tinha que me livrar dele, mas não pude. Em vez disso, cuidei da pobre criatura até recuperar a saúde e nomeia-a como Simba Al-tiqriti”, acrescenta.

Louise se esforçou para manter Simba escondido até ir para um novo campo em Novembro de 2005, quando seu chefe disse que era preciso deixar o gato. Louise não podia suportar a ideia de abandonar Simba nas ruas e sabia que ele nunca sobreviveria se isso ocorresse. Por isso, elaborou um plano elaborado para levá-lo até a fronteira com o Kuwait, para que ele fosse tratado e, posteriormente, levado para os pais de Louise em West Midlands, na Inglaterra.

Foto: Reprodução, Mirror

Apesar de muitas coisas derem errado, um amigo levou o gatinho em segurança para o Reino Unido. Louise criou cada vez mais planos para salvar gatos e cães da morte certa. “As forças armadas americanas costumavam me deixar enviar pacotes de medicamentos e alimentos para a linha de frente em seus tanques. Eles enviariam fotos de animais felizes e saudáveis, nossos pacotes ajudaram. Organizei a ida de três gatos do Iraque, Doodle, Phoenix e Pudding, e dois cães, Zeus e Gabriel, ao Reino Unido para morar com meus pais até eu poder me juntar a eles”, relata.

Em Dezembro de 2009, ela mudou-se para outra empresa de segurança, desta vez no Afeganistão. Quando sua mãe leu sobre um abrigo de cães no local, Louise entrou em contato e ofereceu-se para ajudar. Em pouco tempo, ela estava trabalhando 20 horas por dia, entre sua função normal e o voluntariado no abrigo.

Em Maio de 2010, ela abandonou seu trabalho para se concentrar no abrigo. Como eles não tinham como pagá-la,  ela viveu  com suas economias por seis meses: “Foi um trabalho árduo, mas incrivelmente gratificante. Eu estava auxiliando gatos e cães durante o dia todo, todos os dias, e estávamos fazendo uma grande diferença”, diz.

Eventualmente, um terreno adequado foi localizado e Louise e a equipe construíram um novo refúgio para os animais. O local era muito básico e  – como Louise não era uma veterinária treinada – tudo o que ela podia fazer era vacinar, tratar as pulgas e vermes dos animais, assim como alimentá-los e lhes oferecer companheirismo e amor como nunca antes receberam.

“Quando uma instituição de caridade internacional de animais ouviu sobre nós, eles entraram em contato e, lentamente, treinaram um homem local como veterinário para tratar apropriadamente os cães e gatos. Lentamente, crescemos o suficiente para empregar um limpador e outro veterinário e abrigar cerca de 100 cães”, explica Louise.

Em Outubro de 2015, ela decidiu voltar para o Reino Unido porque estava exausta. O santuário afegão salvou centenas de animais e ajudou a melhorar a forma como eles eram tratados pelos moradores locais.

De volta ao Reino Unido

Louise e cães resgatados no Reino Unido/ Foto: Reprodução, Mirror

“Embora eu estivesse deixando o Afeganistão, eu não estava indo sozinha. Levei comigo mais cinco cães – Robo, Joe, Bell, Holly e Foxy – e quatro gatos – Pookie, Baron, Zabba e Shariq. Foi uma missão infernal levá-los para casa e custou £ 16 mil, que arrecadei graças à incrível generosidade de amigos e estranhos aqui no Reino Unido, mas lhes prometi tudo, eu os manteria seguros e nunca irei quebrar essa promessa”, Louise.

Louise trabalha em tempo integral como gerente de um centro de resgate de cães em West Midlands. Ela também é uma administradora da War Paws, uma instituição de caridade sediada no Iraque, que arrecada dinheiro para castrar, tratar e alimentar animais abandonados. “Temos conversado com o governo iraquiano sobre a importância do controle da população e da medicação contra a raiva, mas é um longo processo. Não iremos desistir”, frisa.

Ela também organiza o transporte de todos os cães que são adotados por famílias no Reino Unido e nos EUA. É um procedimento complicado e caro, mas há muitas pessoas como Louise que resgatam os animais.

“Posso não estar mudando o mundo, mas estou feliz em dar a esses animais maravilhosos uma vida segura, feliz e saudável. Vi cães que foram espancados, famintos e baleados. Mesmo assim, são tão gentis e amorosos, desejam lares felizes e é minha missão ajudá-los a encontrar um lugar para pertencerem e serem amados”, finaliza.

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