Em junho, uma mulher se declarou culpada por tentar contrabandear 29 tartarugas, avaliadas em cerca de 37 mil euros, dos Estados Unidos para o Canadá, utilizando um caiaque inflável. Wan Yee Ng foi interceptada pelo Controle de Fronteira de Vermont, no noroeste dos EUA, enquanto se preparava para atravessar o Lago Wallace com uma bolsa de viagem. Do outro lado do lago, um homem, que as autoridades acreditam ser seu marido, remava em direção oposta.
Durante a inspeção da bolsa, os agentes encontraram meias que se moviam e, ao abrir, descobriram as 29 tartarugas-de-caixa-oriental (Terrapene carolina carolina), uma espécie protegida encontrada no leste dos EUA e considerada vulnerável devido ao comércio ilegal e outras ameaças, conforme a organização Turtle Survival Alliance.
Nos Estados Unidos, as leis sobre animais domésticos variam entre os estados, mas transportar animais sem as autorizações necessárias é ilegal. Wan Yee Ng confessou a tentativa de contrabando no Tribunal Federal de Vermont e será julgada em dezembro. Ela é cidadã chinesa, residente no Canadá, e entrou nos EUA com visto de turista.
De acordo com um agente da fronteira, Wan chamou a atenção das autoridades por alugar várias vezes o mesmo Airbnb perto do Lago Wallace, uma área conhecida pelo contrabando, durante a baixa temporada turística. A investigação também revelou que seu marido estava envolvido em atividades semelhantes do lado canadense.
O celular de Wan continha dados de GPS de um carro alugado, sugerindo que as tartarugas foram obtidas no estado de Nova Jersey. Ela concordou em pagar cerca de 3.200 euros para cobrir os custos de transporte das tartarugas apreendidas.
O objetivo de Wan Yee Ng era vender as tartarugas em Hong Kong, onde ela nasceu. As tartarugas com marcas coloridas têm alto valor nos mercados nacionais e internacionais, especialmente na China e em Hong Kong. Segundo Jennifer Sevin, diretora do departamento de biologia da Universidade de Richmond, os EUA são um dos principais pontos de comércio ilegal de tartarugas.
Entre 1998 e 2021, cerca de 24 mil tartarugas de água doce foram interceptadas pelas autoridades americanas, conforme um estudo da Universidade de Michigan publicado em 2023. Um relatório do Departamento do Interior dos EUA de 2022 aponta que as tartarugas confiscadas são geralmente enviadas para zoológicos ou aquários, mas há uma capacidade limitada de acomodar, examinar e determinar a origem desses animais antes de devolvê-los ao habitat.