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Mulher que matou onça-parda mora no Rio e foi multada em R$ 20 mil

Ibama também multou em R$ 40 mil pai e irmã de mulher que matou onça-parda; eles acompanhavam a mulher durante a caçada à onça

28 de janeiro de 2025
Manuel Marçal
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução/Instagram

A mulher que matou uma onça-parda acompanhada de quatro cachorros tem 32 anos e mora no Rio de Janeiro. A coluna apurou que se trata de Eula Pereira da Silva. Ela é quem cometeu o crime que chocou o Brasil em Alto Longá, município a 80 km da capital do Piauí.

Eula aparece em um vídeo caçando o animal em uma área de caatinga. A cena viralizou nas redes sociais. A mulher foi identificada e localizada na semana passada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas seu nome, até então, não havia sido divulgado. Ela foi multada em R$ 20 mil.

O Ibama aplicou três autos de infração contra ela:

  • Praticar ato de abuso, ferindo uma onça-parda (Puma concolor) em atividade de caça irregular – R$ 3 mil
  • Caçar uma onça-parda (Puma concolor), sem autorização do órgão ambiental competente – R$ 5 mil
  • Praticar ato de maus-tratos a quatro cachorros utilizados na atividade de caça de onça – R$12 mil

Eula não estava sozinha. De visita ao Piauí, ela saiu no dia 16 de dezembro para caçar com o pai e a irmã, que moram em Alto Longá.

A irmã de Eula, identificada como Heliude Pereira da Silva, de 27 anos, foi quem fez as filmagens. Já o pai, Manoel Pereira da Silva, 73 anos, é o senhor que aparece nas imagens desferindo pauladas na onça e nos cachorros que usaram para caçar o felino. Os dois também foram multados pelo Ibama, cada um, em R$ 20 mil. Eles responderão pelos mesmos crimes que Eula.

A coluna apurou que o rifle usado para atirar no animal foi confiscado, e os quatro cachorros – usados para a caça do felino – também foram apreendidos e levados para adoção.

Em contato com a coluna, Heliude admitiu que foi a responsável por fazer a filmagem e que mora com o pai, de 73 anos, no interior do Piauí. Ela informou que não irá se pronunciar, e que os advogados da família estão cuidando do caso. “Mais para frente vocês saberão toda a verdade”, afirmou, sem dar detalhes.

Ela disse que prefere se resguardar devido à repercussão que o caso teve na cidade em que mora. “Claro que, pelo olhar da sociedade, claro que foi errado. Mas, a gente não pode sair julgando, sem saber o porquê que isso realmente aconteceu. E muita gente fica especulando”, concluiu.

A coluna tentou contato com Eula, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.

Crime mobilizou Ibama e o Ministério de Meio Ambiente

Maldade. Covardia. Criminosa. Essas foram algumas palavras que milhares de usuários das redes sociais usaram para descrever a cena da caça, que viralizou no início da semana passada. As imagens são fortes, violentas e assustadoras.

Após ser baleada por Eula, o felino cai ferido de uma árvore e é atacado por outros quatro cães. Enquanto tenta se defender dos cachorros, a onça recebe várias pauladas desferidas pelo pai de Eula. O animal não resiste e morre no local. O vídeo mostra a mulher pulando de alegria em direção à câmera e comemorando a morte do animal.

O caso teve ampla repercussão e mobilizou o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente das Mudanças Climáticas (MMA) para identificar, localizar e multar os envolvidos.

A ministra Marina Silva usou as redes sociais para dizer que “serão responsabilizados todos que participaram desse terrível crime, cujas imagens chocam”.

“Que a comoção causada por esse caso possa impedir que mais animais – silvestres ou domésticos – sofram como essa onça-parda e os cachorros envolvidos sofreram”, completou a ministra.

Legislação ambiental

A morte da onça no interior no Piauí levantou também um debate nas redes sociais sobre a fragilidade da legislação ambiental. Ibama e o MMA tiveram que agir rápido ao explicar que os valores das multas e a aplicação das penas não são definidos pelos respectivos órgãos, mas, sim, definidos em lei.

O Ibama lembrou ainda que quem mata um animal silvestre, como a onça, não responde à mesma penalidade de quem mata um animal doméstico, ou seja, o crime de quem mata um animal silvestre, segundo a legislação, é de menor potencial.

A ministra Marina Silva publicou um vídeo em que o agente ambiental do Ibama Bruno Campos explica os crimes cometidos e as penas cabíveis aos responsáveis. “Reforço que o valor das multas e as penas previstas nos crimes cometidos são definidos por lei e não pelo órgão ambiental”, enfatizou Marina Silva.

Fonte: Metrópoles

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