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Mulher que adotou cão que foi enterrado vivo no interior de SP relembra crime: 'Temos de ser a voz deles'

26 de outubro de 2022
3 min. de leitura
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Foto: Arquivo pessoal

O que parecia ser um trágico fim foi, na verdade, um recomeço emocionante para o cãozinho Bento, enterrado vivo às margens da Rodovia Antônio Romano Schincariol, entre Boituva e Tatuí, no interior de São Paulo, em 2021.

O cão da raça dachshund, popularmente conhecido como “salsicha”, foi adotado pela nutricionista Patrizia Azevedo. Da capital paulista, a família acompanhou a história do cachorro e decidiu adotá-lo.

Após pouco mais de um ano do ocorrido, Bento está bem e feliz, conta Patrizia. “É outro cachorro, super carinhoso e dócil demais”.

A princípio, a família temia que a adaptação do cachorro fosse difícil. “O que justificaria devido a todo o trauma que ele viveu. Mas apenas quando vê alguns cachorros fica reativo e late, com alguma certa dificuldade devido às sequelas”, relata Patrizia.

Apesar disso, Patrizia conta que a adaptação à família ocorreu sem problemas. “Aqui somos três, meu marido e minha filha. E claro, a minha gangue, que são os três cachorrinhos”.

O cãozinho, inclusive, está fazendo amizades caninas. “Ele entrou na ‘creche’ e ficou super bem, brincando com outros cachorros. Brinca, corre atrás da bolinha, e fez amizades com o Paçoca e a Kuki”, conta a nutricionista.

A chegada de Bento à família trouxe também novas reflexões e causas pelas quais eles decidiram lutar. “Eu olho para ele [Bento] às vezes, o abraço tanto e fico imaginando o que ele passou. É uma realidade muito difícil”, conta.

“O Bento foi muito maltratado. Ficou mais certo para a gente o quanto devemos acolher esses animais, adotar e combater os maus-tratos. Temos de ser a voz deles, eles são inocentes”, enfatizou Patrizia.

Foto: Arquivo pessoal

Fama nas redes

Devido à repercussão que o caso teve, a presidente da União Protetora dos Animais (UIPA), Fernanda Nery, sugeriu que a família criasse um perfil no Instagram para atualizar o estado de saúde do cachorro.

“Foram três meses internado e as pessoas se sensibilizaram. Ele realmente é um guerreiro, muita gente se envolveu emocionalmente com a história dele”, conta Patrizia.

“Vimos que muitas pessoas perguntavam sobre ele. Também fizemos o Instagram para incentivar as pessoas a fazerem o mesmo com os animais”, comentou.

Relembre o crime

O cachorro, à época com seis anos, foi encontrado enterrado por um casal de Itapetininga (SP), que passava pela rodovia, no dia 12 de setembro de 2021.

Conforme o boletim de ocorrência, o casal avistou um homem com uma enxada nas mãos, na altura do quilômetro 28, e parou para verificar a situação.

Questionado, o homem fugiu rapidamente do local. Na sequência, os moradores encontraram um monte de terra com uma pequena parte da cabeça do cachorro, que agonizava, segundo a denúncia do casal.

Tratamento

No momento em que o cão foi desenterrado, o casal percebeu que ele tinha um corte profundo no pescoço, informou a UIPA. O cachorro foi levado para o Ambulatório Municipal Pet de Itapetininga, onde recebeu atendimento veterinário.

Segundo a prefeitura, o cão recebeu cuidados como aplicação de soro, assepsia, sedação e curativo. Depois, em parceria com a UIPA, ele foi transferido para uma clínica em Botucatu (SP) para tratamento especializado.

Bento passou por uma série de cirurgias. Foi preciso, inclusive, retirar parte das orelhas do cachorro para reconstruir parte de seu pescoço.

Foto: Arquivo pessoal

Julgamento

O suspeito de enterrar Bento se apresentou à polícia dias depois do crime. Ele afirmou ser “dono” do cão. Após prestar depoimento, o homem foi liberado.

À época, Carlos Alberto Pereira Gomes, investigado por maus-tratos, confessou que enterrou o cachorro, mas que acreditava que ele estivesse morto.

Carlos Alberto Pereira Gomes responde pelo crime de maus-tratos a animais. Na terça-feira (25), ele foi julgado em audiência virtual.

Fonte: G1 

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