Uma dona de casa jogou água quente em um cão abandonado no bairro Vila Formosa, em São José do Rio Pardo (SP), na quinta-feira (29). A mulher alegou que a intenção era espantá-lo da frente de sua casa. O cão, que sofreu queimaduras de terceiro grau, foi socorrido e levado a um veterinário. A Polícia Civil afirmou que ela será intimada a depor nos próximos dias e que deve responder por maus-tratos e abuso contra animais, além de pagar uma multa que pode chegar a R$ 3 mil.
Um dos vizinhos presenciou o caso e chamou a Polícia Militar. O Centro de Zoonoses da cidade prestou atendimento ao cão, que não corre risco de morte. Ele está aos cuidados do comerciante Matheus Mafepi, que é dono de uma loja de pet shop e voluntário na ONG União Protetora dos Animais Riopardense (Unir).
“Ele amanheceu um pouco melhor, passei pomada, dei ração. O organismo irá se regenerar, mas vai demorar meses. Ele deve sentir dor, a pupila está dilatada. Está acuado e tem medo quando alguém se aproxima, mas comigo está bem, parece que me adotou como tutor. Foi muito desumano o que fizeram”, disse.
Justificativa
A dona de casa, que prefere não se identificar, tem 36 anos e mora há um ano no bairro. Segundo ela, desde que se mudou, cinco cães ficam diariamente na calçada em frente à casa e causam transtornos devido à sujeira de fezes e urina. “Eu pintei o portão em março e já está todo enferrujado de tanto xixi. Todo mundo comete um erro quando é pressionado. Eu tenho uma cachorrinha e nunca tratei mal. Para eu ter chegado a esse ponto é porque a situação já estava insuportável, foi um momento de raiva. Joguei a água para espantá-lo, mas me arrependo do que fiz”, contou.
A mulher relatou ainda que gatos entram frequentemente na casa dela e, por isso, o carro dela está todo arranhado. Ela afirmou também que chegou a pensar em buscar auxílio na Prefeitura, porque a situação estava insuportável. “Ontem, eu encontrei um conhecido que trabalha lá, expliquei a situação e perguntei o que fazer. Tinha até pedido o telefone da Zoonoses, mas na hora da raiva não consegui me conter”, relatou.
Falta de canil
O voluntário da ONG disse que recebeu uma ligação de uma mulher, na manhã desta sexta-feira (30), que afirmou conhecer o cão que foi queimado. “Ao que tudo indica ele chama Valente e era tutelado por uma família que morava no mesmo bairro. Os tutores mudaram e abandonaram o animal, que tem cerca de seis anos”, contou Mafepi.
Segundo ele, não há canil ou gatil municipal na cidade e por isso há muitos animais abandonados nas ruas. A Prefeitura se comprometeu a incluir no orçamento de 2014 a construção de um local apropriado.
O voluntário da ONG afirmou que prestará toda assistência ao animal e que o disponibilizará para adoção. “Infelizmente não posso ficar com ele porque já cuido de outros 50 animais, entre cães, gatos e até um cavalo, que também foram abandonados”, disse.
Fonte: G1