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LEGÍTIMA DEFESA

Mulher fica ferida após encontro com capivara em lagoa de Florianópolis (SC); o local é usado pela espécie como refúgio e para reprodução

Área não possui sinalização alertando sobre a presença de animais silvestres e o uso da lagoa por capivaras, o que expõe visitantes a riscos.

18 de dezembro de 2025
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Getty Images

A psicóloga e escritora Fabiana Lenz, de 32 anos, segue em recuperação após um caso grave ocorrido no início de dezembro na lagoa da Praia da Lagoinha do Leste, em Florianópolis (SC). Enquanto mergulhava no local, ela foi surpreendida por uma capivara assustada e sofreu ferimentos no abdômen, nas nádegas e no braço direito.

Fabiana precisou levar 19 pontos no abdômen, além de receber atendimento médico intensivo. Parte das lesões não pôde ser suturada devido ao risco de infecção. Exames, tomografias, vacinas antirrábicas e um protocolo com antibióticos, analgésicos e antivirais fizeram parte do tratamento no Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago. Atualmente, ela permanece em casa, com mobilidade reduzida, realizando curativos em um posto de saúde.

Segundo Fabiana, ela e o namorado estavam acampados havia dois dias na região e decidiram entrar na lagoa antes de deixarem o local. “Quando emergi, senti um soco no abdômen. No primeiro segundo, achei que tinha batido em um tronco”, relembrou. Após o primeiro contato, a capivara voltou a investir, causando um ferimento profundo na nádega direita. O companheiro conseguiu puxá-la para fora da água, e o resgate foi feito pelo helicóptero Arcanjo, do Corpo de Bombeiros Militar.

Território animal e responsabilidade humana

A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) informou, em nota, que se trata de um caso isolado e que registros de ocorrências desse tipo envolvendo capivaras são raros. O órgão explica que a situação pode ter sido desencadeada pelo fato de a mulher ter entrado na água, ambiente usado pela espécie como refúgio e também para reprodução.

“Situações de aproximação inesperada nesse contexto podem desencadear reações de defesa, sobretudo quando o animal percebe risco iminente. Ressalta-se que não se trata de comportamento predatório, uma vez que a capivara é uma espécie estritamente herbívora”, afirmou a Floram.

Casos como esse mostram a necessidade de reforçar a educação ambiental e o respeito aos espaços naturais ocupados pelos animais. As capivaras são espécies nativas e endêmicas do território brasileiro, comuns em áreas de mangue, lagoas e cursos d’água de Florianópolis. A presença cada vez mais frequente desses animais também está relacionada à perda de predadores naturais e à expansão humana sobre seus habitats.

A Floram reforça ainda que não há superpopulação de capivaras na ilha e alerta que a responsabilização não deve recair sobre a fauna silvestre.

As capivaras da região estão em seu ambiente natural. Cabe às pessoas manter distância, evitar entrar em áreas de uso da fauna e respeitar os limites impostos pela natureza.

A convivência segura passa pelo reconhecimento de que trilhas, lagoas e mangues não são espaços exclusivamente humanos. Para evitar situações como essa, é necessário a implementação de sinalização adequada, campanhas de conscientização e políticas públicas que priorizem tanto a segurança das pessoas quanto a proteção da vida animal, sem criminalizar espécies que apenas exercem seu comportamento natural.

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