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Mulher faz campanha para salvar orangotangos da caça e do comércio

8 de outubro de 2010
3 min. de leitura
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Por Giovanna Chinellato (da Redação)

Seu olhar explicita um apelo único. Mely, a orangotango fêmea, senta-se curvada, deprimida, acorrentada. A visão é triste.

Há quinze anos, quando era apenas uma bebê, ela foi retirada de sua casa na floresta por um pescador que matara sua mãe a tiros. Ele aprisionou Mely e a manteve viva, acorrentada com cadeados na varanda de sua cabana na margem do rio Sambas em Borneo. Por quê? Porque turistas pagam ao pescador para vê-la.

Mely está tão fraca que seus longos braços, que deveriam estar levantando-a em ramos de árvores da fazenda, não conseguem nem sustentá-la de pé. Ela está constantemente acorrentada e é alimentada com “porcarias” do tipo miojo cru, tempero para chilli e coisas que as pessoas dão. O resultado é que ela vive com dor.

Lis Key, da International Animal Rescue, uma ONG de Sussex, foi a primeira a saber da situação de Mely assistindo a um documentário da BBC-TV Panorama sobre a expansão do plantio de palmeiras que devastou o habitat dos orangotangos.

Os fazendeiros, junto a firmas de mineiração, têm queimado tão impiedosamente as florestas de Borneo e Sumatra que países vizinhos chegam a reclamar da fumaça.

Muitas pessoas se preocupam com as implicações climáticas. Lis se preocupa com as implicações para os orangotangos, especialmente para Mely. Ela decidiu fazer de tudo para resgatá-la e levá-la para um santuário.

Viajando para a Indonésia, Lis encontrou o pescador, que ofereceu Mely por £300 – mas Lis sabe que é ilegal comercializar orangotangos. Logo, preocupou-se que, se a ONG pagasse o resgate de Mely, incentivaria mais locais a aprisionarem orangotangos e tentarem vendê-los.

Em vez disso, a entidade espera que um guarda florestal do governo da Indonésia seja enviado para resgatar Mely. Enquanto isso, Lis embarcou numa cruzada para expandir o centro de reabilitação da Animal Rescue de Borneo, que já está lotado.

Orangotangos são extremamente inteligentes e compartilham 97% do nosso DNA. Sem dúvida, é por isso que os indígenas da Malásia os chamaram de “Orang Hutan” – traduçao literal: Pessoas da Floresta. Em 1900, existiam mais de 315 mil orangotangos selvagens. Hoje, menos de 50 mil.

Conforme eles pulam de galho em galho, gritam para que outros saiam do caminho e não haja trombadas. Eles comem mangas, insetos, casca de árvore e folhas.

Com quinze anos, Mely deveria estar na plenitude da juventude, já que orangotangos tipicamente vivem 45 anos. Enquanto aguarda seu resgate, acorrentada ao pilar da sacada, ela dedilha o cadeado como que esperando que um dia ele se abra.

“Ela é magra, mas continua um animal esplêndido. Meu coração se parte em vê-la assim”, lamentou Lis.

Mely é um grande primata, mas tudo de que ela precisa agora é um pouco de humanidade.

Para visitar a International Animal Rescue, clique aqui.

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