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Mulher denuncia abandono de animais em Anchieta (SC)

4 de agosto de 2014
5 min. de leitura
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Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

O problema de Bete Della Mea, de Anchieta, já estampou outras notícias, falando sobre o mesmo assunto, há pelo menos dois anos. Na época, pedia-se ajuda para o abandono de animais que ocorria em frente à sua casa e que, por piedade, ela acolhia e cuidava até que fossem adotados. O que mudou de lá para cá é que a situação só piorou e ao invés de encontrar apoio, o que Bete Della Mea encontrou foram ainda mais animais abandonados. Neste período chegou a ter 30 gatos em casa para serem cuidados e alimentados. Bete mora com uma filha adolescente, está com o prazo curto e por abrigar tantos animais da cidade, está com os dias contados para ficar sem ter onde morar, já que foi despejada pelo proprietário da residência de onde mora.

Bete há mais de dois anos morava com seu pai, que havia adoecido, e percebeu o abandono de animais em caixas em frente à sua casa. Foi quando começou a cuidá-los e medicar. Ela acredita que as pessoas abandonavam os animais em sua porta por saber que ela gostava de animais e sabia cuidar. Foi quando se viu com mais de 30 gatos. A partir daí, Bete buscou alugar uma casa fora da cidade de Anchieta para cuidar melhor dos animais. Apesar de ser uma história bonita, na qual Bete demonstra todo seu amor, dedicação e carinho aos animais, por outro lado é triste e preocupante, pois a situação passou dos limites, tanto emocionais como financeiros, para que Bete pudesse manter todos esses animais sozinha.

E com o passar dos dias, enquanto alguns animais que Bete cuidou eram adotados, outros tantos apareciam na porta de sua casa e a situação foi se tornando insustentável, como relata. Apareciam gatos e cães, saudáveis, doentes, idosos, filhotes, atropelados e feridos. “Chegou a um ponto que virei a cidade inteira para alugar uma casa e ninguém queria alugar por conta da quantia de animais. Tentamos uma casa na cidade e ninguém queria alugar. O dono chegou a cortar nossa luz, ficamos assim oito dias, para nos obrigar a sair. Foi então que consegui uma casa na Cohab, só que bem pequena, mas com vizinhos que nos ajudam muito”, conta Bete.

Após conseguir um cantinho para ficar, Bete buscou ajuda com o prefeito de Anchieta, que a ajudou pedindo que a Saúde não a pressionasse tanto nas fiscalizações até que fosse dado um destino aos animais, seja em uma ONG ou outra saída. Foi quando a informação da dedicação de Bete “vazou” na cidade e mais animais começaram a aparecer em sua casa. “Começou a vir cachorro, chegou a aparecer nove cachorros de uma vez, nossa, está um caos”, lamenta. Bete observa que conta com apoio de jovens veterinárias, inclusive uma profissional de Campo Erê, que ajuda na castração dos animais encontrados na rua. “Só que isso saiu de controle, estou sendo uma boba, eu ainda preciso cuidar deles, tenho animais machucados, tem gato cego, a coisa saiu do limite. Eu vou alugar uma casa, eu não posso contar que tenho esses animais, tenho que levar escondido. Hoje tenho 17 gatos e quatro cachorros, todos abandonados”, conta, emocionada.

Bete tem prazo de oito dias para sair da casa que alugou e não consegue outra casa de nenhuma forma. “Não tenho onde botar esses animais, não posso largar, tem gente que me diz para colocar em uma gaiola e largar em outra cidade ou ponto, mas eu tenho consciência, não posso fazer isso. Ninguém está vendo que eu e minha filha vamos ficar na rua, ela está sofrendo. A casa do meu pai, depois que ele faleceu, foi para inventário, e eu não sei o que fazer”, afirma.

Amor aos animais

A rotina de Bete é puxada. Além do trabalho profissional em uma confecção, ao chegar em casa e antes mesmo de sair de manhã, o trabalho e cuidados são voltados aos animais que abriga, desde alimentação até a higiene. Segundo ela, tem interesse em fundar uma ONG e busca apoio em todo lugar que pode, inclusive entrou em contato com a atriz e voluntária Luiza Mel, de São Paulo. “Eu comecei a pedir socorro, não sei mais onde ir, mas tenho que ficar quietinha e sair”, conclui.

Apesar de todos os problemas que seu amor aos animais trouxe, Bete jamais imagina se desfazer deles sem que tenham um destino melhor. Além da ajuda de sua filha, que ama os animais que abrigam, uma de suas vizinhas da Cohab leva todos os dias alimento que ela prepara para os animais e conta com doação de restos de carnes em açougue e ração que as pessoas doam para ajudá-la. “Era muito bonito ver a minha filha cuidando daquele monte de gatinhos, mas hoje é uma situação muito séria. Falei com o juiz ele disse que eu sou culpada, que fui eu quem acolheu todos eles.

Eu limpei a cidade, todo o problema da cidade agora é meu. O prefeito foi a primeira pessoa que me ouviu, só que ele ainda não conseguiu me ajudar”, afirma.

Sem estrutura em sua casa, Bete cuida dos animais como pode. Há pouco tempo em sua porta apareceram nove filhotes de cães recém-nascidos, e com dificuldade os alimentou e aqueceu, porém apenas sete sobreviveram. “Eu sei cuidar, eu medico eles, mas eu estou desesperada, não sei mais o que fazer. Quando chego em casa no fim do dia minha rotina continua, tem 17 atrás da porta me esperando”, relata.

Fonte: Jornal O Líder

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