Tilly era apenas um filhote quando foi rejeitada por potenciais adotantes. Seus irmãos encontraram novos lares, mas ela, embora tivesse um temperamento doce e carinhoso, sofria ao ser preterida por ter nascido com a Síndrome da Espinha Curta (SEC). Sua vida mudou, no entanto, no dia em que Anna Marie Giannini soube do preconceito sofrido pela cadela.

Após ver um anúncio online sobre uma ninhada de cães para adoção, Anna Marie se informou sobre os filhotes e descobriu que um deles apresentava uma deformação física causada por um problema genético. E foi exatamente esse que ela fez questão de levar para casa.

Em entrevista ao portal The Dodo, Anna relatou que ficou perplexa ao saber que o filhote poderia ser sacrificado por não ter ninguém disposto a adotá-lo e, naquele instante, decidiu mudar o destino do animal. “Quando cheguei, eles me disseram que um dos filhotes estava deformado e eles não conseguiram encontrar um lar para ele, o que poderia levar ao sacrifício. Eu já tinha me apaixonado por ele e planejado nosso próximo ano juntos na minha cabeça antes mesmo que ele terminasse de dizer aquela declaração horrível”, contou.

Logo após a adoção, a cadela foi batizada de Tilly e passou a ter não só um novo nome, mas um lar onde nunca faltaria amor. Ela também ganhou um perfil nas redes sociais que conta atualmente com mais de 59 mil seguidores. Na primeira publicação da página, a tutora da cadela relata que seu objetivo na internet é “aumentar a conscientização sobre cães com deformações”.

“Por causa da minha deformação, fui planejado para ser sacrificado pelo meu antigo tutor devido à minha síndrome e ao futuro desconhecido. Foi quando minha mãe me resgatou! Não tenho nenhum problema em andar, brincar e correr, só pareço um pouco esquisito enquanto faço isso. Minha mãe me diz que sou especial e que minha pequenez não me torna indesejada e espero desafiar as probabilidades e viver uma vida longa e saudável e feliz”, diz a postagem.

A síndrome com a qual Tilly foi diagnosticada é rara. Animais com essa condição têm as vértebras da coluna comprimidas e, por isso, parecem não ter pescoço e têm as costas curtas. Nada disso, no entanto, os impede de ser animais incríveis – e foi exatamente isso que Anne descobriu logo após pegar Tilly nos braços no dia em que a adotou.

“Quando o peguei, ele era uma bolinha suja e fofa, ele se encaixou perfeitamente na minha mão, e enquanto dirigimos para casa de onde o peguei, ele se deitou no meu colo e olhou para mim com seus grandes olhos castanhos, e eu sabia que ele precisava de mim e eu precisava dele”, disse Anne ao relatar o exato instante em que prometeu para a cadela que ela nunca mais seria indesejada, já que daquele momento em diante Tilly se tornaria um animal extremamente amado por sua família.

Desde então, passaram-se dois anos e Anne continua cumprindo sua promessa. Tilly cresceu, desenvolveu-se e sua espinha curta ficou ainda mais aparente, mas isso não a impediu de viver uma vida normal. “Ela nasceu com uma síndrome e, assim como os humanos nascem com uma síndrome, seu corpo aprendeu a se adaptar e ela está prosperando, Tilly não teve problemas de saúde ou complicações por causa de sua coluna curta e esperamos que ela viva uma vida longa e saudável”, disse a tutora.

Assim como qualquer cão de porte pequeno, Tilly precisa de ajuda apenas para subir e descer de locais mais altos, como camas. Ela também não consegue virar a cabeça para se coçar, mas isso é facilmente resolvido por sua tutora, que sempre reserva minutos ao longo do dia para coçar o corpo da cadela e massageá-la.

Em troca, Tilly entrega a sua tutora o maior amor que existe no mundo. “Ela dorme na cama comigo como um pequeno humano, colocando a cabeça no travesseiro e enfiando as pernas no cobertor, e sempre tem que estar perto de mim, me tocando. Quando estou cozinhando, ela fica bem entre minhas pernas. Quando estou fazendo o dever de casa, ela está deitada ao meu lado com as patas em mim”, contou Anne.

“A cada hora mais ou menos que estamos em casa, ela aleatoriamente vem até mim e me dá beijos e depois volta a se deitar. É como um relógio. É como se ela precisasse de beijos para funcionar!”, completou.

E embora a aparência de Tilly chame a atenção – não só das pessoas, mas também de outros animais -, a cadela simplesmente não se importa. “Outros cães geralmente ficam intrigados e são mais gentis com ela, porém Tilly não se importa e sabe que é capaz de tudo. Ela está definitivamente determinada e quer brincar com qualquer cachorro de qualquer tamanho”, comentou a tutora.