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MISSÃO

Mulher adota 68 jumentos no Nordeste e salva animais que enfrentam ameaça de extinção por alta demanda da China

25 de julho de 2024
2 min. de leitura
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Foto: Pollyana Araújo

Em uma pequena propriedade nos arredores de Fortaleza, encontra-se um verdadeiro santuário para jumentos resgatados, vítimas de abandono e maus-tratos. Márcia Freitas, a fundadora do abrigo Menino Vaqueiro, é conhecida na região como a “louca dos jumentos”, como ela mesma conta, devido à sua dedicação aos animais. Ela tem 68 jegues, atualmente.

Márcia, de 36 anos, deixou o trabalho como cuidadora de crianças em uma creche para se dedicar aos animais e evitar também a morte desordenada de jumentos para exportação. “Os animais para mim, os jumentos, principalmente, são mais do que filhos. É como se fossem um pedaço de mim”.

Ao todo, ela já resgatou 96 animais, entre jumentos e cavalos, todos em condições críticas de saúde. “Eu cuido deles e eles vão ficando aqui. Não tenho coragem de colocá-los para adoção, pois sei que sofreriam novamente”, explica.

Márcia também enfrenta a ameaça constante de roubo dos animais. Por duas vezes, criminosos invadiram o abrigo e levaram os animais supostamente com a intenção de vendê-los.

Além do abandono, muitos jumentos no Nordeste enfrentam o destino cruel do abate para exportação de carne e pele, principalmente para a China, que usa o colágeno do jumento para a preparação do ejiao, um remédio tradicional chinês sem eficácia científica comprovada.

A estimativa da organização The Donkey Sanctuary – uma organização britânica dedicada ao bem-estar desses animais – é que 5,9 milhões de jumentos sejam mortos anualmente para produzir colágeno para a indústria do ejiao, número que pode chegar a 6,7 milhões até 2027. Essa alta demanda pode levar à extinção do animal.

Sob a pressão de ativistas que indicam maus-tratos e crueldade nos abatedouros, tramita no Congresso Nacional um projeto que proíbe a prática no Brasil.

Márcia lamenta essa realidade e tenta resgatar o maior número possível de animais para evitar esse fim trágico.

“Se eu pudesse, teria aqui uns 300 a 400 jumentos. É uma das maiores tristezas saber que eles estão sendo mortos. Tudo o que faço é com muito amor. Os animais mais doces e carinhosos que você pode imaginar são os jumentos”, comenta.

O abrigo foi fundado há 14 anos e, desde então, sobrevive de doações. São inúmeras dificuldades financeiras, considerando os altos custos para manter as dezenas de animais.

Márcia tem um sonho: comprar um terreno para estabelecer uma sede definitiva para o abrigo. “Todo mês é um sofrimento para conseguir pagar o aluguel. Se conseguíssemos comprar um espaço, os animais teriam uma vida mais segura”, desabafa.

No abrigo, ela conta com a ajuda de três funcionários e uma veterinária que presta serviços.

Fonte: O Globo

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