Uma moradora de Brasília (DF) decidiu dedicar a vida a resgatar animais abandonados ou vítimas de maus-tratos em sua cidade. Deuzenice Matos, 51 anos, cuida atualmente de mais de 400 cães, gastando mais de três toneladas de ração por mês. Para manter a alimentação, o espaço e os cuidados veterinários, a protetora conta com o apoio de doadores.
Para tanto, usa as redes sociais para mostrar o seu trabalho, sensibilizar as pessoas para a causa animal e angariar doações. Ela vive com os animais em uma propriedade rural de 6 mil m². O local é divido por seções, de acordo com a autonomia dos “hóspedes” —tem até berços para os mais vulneráveis. Ela recebe ajuda de voluntários para cuidar dos bichos, que em sua maioria são cães debilitados que sofreriam eutanásia quando foram resgatados por ela. A Ecoa, ela conta que realiza o trabalho no sítio há 10 anos, e que está sempre precisando de apoio.
“Desde criança, fico com dó ao vê-los sujos e com fome e os recolho. Alguns donos mandam fazer eutanásia pelo fato de estarem doentes e não quererem gastar ou ainda tratar doenças sem cura. Os veterinários fazem apelo por um lar e em alguns casos vêm falar comigo. Sempre que consigo salvo mais um”, diz.
Na propriedade, segundo a protetora, os animais recebem amor e carinho, são castrados, além de receberem cuidados diários e visitas do veterinário regularmente.
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“São oito a 10 pessoas 24 horas com eles. Temos uns 15 berços onde são recolhidos os deficientes e algumas divisões onde ficam os cegos, os paraplégicos. Fizemos um cercadinho para que fiquem livres ao sol. E os que andam têm espaço de sobra para correr e brincar. Mas eles amam ficar dentro da casa, onde todos dormem, perto dos humanos que cuidam deles”, relata.
Os animais chegam de todos os lugares Brasília e entorno. Amigos e seguidores das redes sociais de Deuzenice indicam os que estão abandonados. Outros ajudam a iniciativa financeiramente —o espaço tem um consumo alto de álcool, desinfetante, água, sabão em pó, amaciantes, água sanitária, sabonetes líquidos, fraldas de bebês e geriátricas.
“E também produtos veterinários que são virucidas, bactericidas, fungicidas, curativos em geral, medicamentos para os mais variados tipos de doenças. O recurso vem de madrinhas que nos auxiliam mensalmente, amigas que pediram o resgate de tal animal e ajudam mensalmente. Resumindo, toda ajuda vem através de apelos nas redes sociais”, diz.
Após a recuperação, os animais ficam à disposição de quem queira adotar. Deuzenice explica que as pessoas que acompanham o trabalho nas redes sociais procuram saber o procedimento de adoção. Ela leva informações sobre o escolhido ao aspirante a tutor e avalia se a casa tem estrutura para receber o animalzinho. Quando tudo dá certo, o tutor ainda precisa assinar um termo de responsabilidade.
‘São como filhas’
A esteticista Daniela Ribas, 44 anos, e o marido, o publicitário Fábio Paim, 50, adotaram três cadelas do sítio de Deuzenice. Sansa, Luna e Brisa, que é cega, têm 3 anos e se adaptaram bem à casa nova.
A Ecoa, o casal conta que conheceu o sítio por meio da Agropecuária Girassol, que fica na DF-425, em Sobradinho. Uma cachorra deles havia falecido e os dois ainda estavam vivendo o luto. Ao descobrirem o trabalho de Deuzenice, surgiu o desejo de conhecer os animais acolhidos. “Minha cachorra era como uma filha. Fábio quis de presente do Dia dos Pais uma cadela que fosse adotada e não comprada feito todos os outros cães que tivemos. Entrei em contato com a Deuzenice, expliquei que queria uma cadela filhote e ela me apresentou as meninas. Escolhi uma. Dias depois peguei a irmã dela. Deuzenice disse que a terceira era cega, nos compadecemos e pegamos também”, conta Daniela.
As cadelas viraram as filhas do casal. Dormem com os dois e recebem muito amor diariamente. Daniela e Fábio avaliam o trabalho importante para a saúde dos animais e para conseguir novos tutores, responsáveis. “Deuzenice é o ser mais próximo de Deus que conheço, empenhada a fazer o bem e a salvar vidas. Estou longe de ter a garra e a força para superar os desafios de cuidar de tantos animais debilitados”, diz a esteticista.
Por Uol