Adotar dietas mais flexitarianas, vegetarianas e veganas baseadas em vegetais pode levar a reduções significativas na poluição do ar, com benefícios econômicos e de saúde associados, especialmente em regiões com agricultura intensiva e elevada densidade populacional.
Essa é a constatação de um estudo recente realizado por pesquisadores europeus e publicado na revista científica Nature. “A mudança das dietas atuais para dietas mais saudáveis e mais baseadas em vegetais poderia prevenir até 236.000 mortes prematuras em todo o mundo e impulsionar o PIB global – simplesmente melhorando a qualidade do ar”, escreveram os autores Marco Springmann, pesquisador sênior em Meio Ambiente e Saúde na Universidade de Oxford, e Toon Vandyck, pesquisador em Economia na KU Leuven, em artigo publicado no The Conversation.
Segundo eles, esses tipos de alimentação reduziriam as emissões agrícolas no mundo todo em 84% a 86% no caso de dietas veganas, 69% a 70% nas vegetarianas e 44% a 48% nas flexitarianas.
Áreas com muita pecuária, como a Bélgica, os Países Baixos, o norte de Itália, o sul da China e o centro-oeste dos Estados Unidos veriam diminuições particularmente pronunciadas na concentração de partículas finas, que podem causar uma série de problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares e respiratórias.
Ao mudar a alimentação, e consequentemente melhorar a qualidade do ar, o estudo revelou que entre 108 mil e 236 mil (3% a 6%) mortes prematuras poderiam ser evitadas globalmente, incluindo 20 mil a 44 mil (9% a 21%) na Europa, 14 mil a 21 mil (12% a 18%) na América do Norte e 49 mil a 121 mil (4% a 10%) na Ásia Oriental.
Outra descoberta é que dietas mais baseadas em vegetais teriam impacto positivo na economia, com potencial de aumentar o PIB mundial entre US$ 600 milhões e US$ 1,3 bilhões (0,5% a 1,1%).
“Melhorar a qualidade do ar é, sem dúvida, benéfico para a nossa saúde e para a economia. Argumentamos que as mudanças alimentares devem, portanto, ser colocadas firmemente no menu político”, afirmaram Marco Springmann e Vandyck.
Eles destacaram que consumir menos produtos de origem animal também é uma estratégia eficaz em termos de custos para combater as emissões e diminuiria a necessidade de outras medidas mais drásticas para reduzir a poluição.
“A mudança para dietas mais saudáveis e baseadas em vegetais oferece uma ampla gama de benefícios além do ar puro. Estes benefícios incluem um menor risco de doenças relacionadas com a alimentação, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa e diminuindo a utilização de terra, água e fertilizantes para a agricultura”, completaram os pesquisadores.
Fonte: Um Só Planeta