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AQUECIMENTO GLOBAL

Mudanças climáticas podem levar formigas que vivem em ambientes internos a migrar para áreas externas

Estudo canadense alerta que espécies restritas a locais fechados podem se tornar pragas ao ar livre com o aquecimento do planeta. Pesquisadores fizeram alerta para espécie Wasmannia auropunctata, conhecida no Brasil como pixixica

9 de agosto de 2025
4 min. de leitura
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W. auropunctata, ou pixixica, picando um humano. Sua mordida dolorida, e que pode provocar fortes alergias, é um problema em plantações de cacau. Foto: Plegadis/Wikimedia Commons

Por conta do aquecimento global, algumas espécies de formigas que só sobrevivem em ambientes fechados, em regiões mais frias, podem começar a migrar para áreas externas. O alerta é de um estudo da Universidade de Toronto em Scarborough, no Canadá, publicado na revista Diversity and Distributions.

A equipe de pesquisa analisou dados globais de 323 espécies de formigas não nativas em 477 regiões geográficas distintas para verificar como as condições climáticas afetam a permanência delas em ambientes fechados ou a capacidade de se espalharem para o exterior.

O que se constatou foi que, com um aquecimento global de 2°C a 4°C, as formigas atualmente confinadas em ambientes fechados têm maior probabilidade de se estabelecerem ao ar livre, especialmente nas regiões mais frias do Hemisfério Norte.

Toby Tsang, pós-doutorado no Departamento de Ciências Biológicas da universidade e principal autor do estudo, chama a atenção para o fato que ambientes internos podem atuar como um “trampolim” para invasões de formigas, proporcionando-lhes um lugar quente e seguro para viver até que as condições externas se tornem mais favoráveis.

Ele explicou que a maioria delas é introduzida em áreas fechadas involuntariamente, escondendo-se em caixas de transporte, vasos de plantas, solo e praticamente qualquer rachadura ou fenda, sendo então acidentalmente transportadas entre regiões junto com bens de consumo.

E, ao entrarem em um prédio ou estufa, podem ser difíceis de detectar devido ao seu pequeno tamanho. Além disso, esses ambientes têm menos predadores e podem fornecer mais fontes de alimento, aumentando ainda mais suas chances de sobrevivência.

Mas, agora, já existem casos documentados de formigas não nativas escapando de ambientes internos. Em Ontário, onde atualmente existem cinco espécies não nativas que só podem ser encontradas nessas áreas, uma delas tem o potencial de causar danos significativos se se espalhar para o ambiente externo, de acordo com o estudo.

Trata-se da Wasmannia auropunctata, conhecida como formiga-elétrica ou formiga-de-fogo-pequena e aqui no Brasil como pixixica. Nativa da América Central e do Sul, ela se espalhou por cinco continentes, incluindo a América do Norte, e vive dentro de estufas em várias partes do Canadá.

No Brasil, possui grande importância ecológica e econômica, principalmente no setor cacaueiro das regiões sul e sudeste da Bahia, devido a suas picadas dolorosas que torna a colheita do cacau dificultoso. Geralmente constroem ninhos no solo ou na parte interior ou sob a casca das árvores.

Este inseto, destacaram os pesquisadores, está listado como uma das 100 piores espécies invasoras do mundo pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). É também uma praga agrícola, conhecida por atacar trabalhadores rurais e animais – sua picada pode causar cegueira em casos graves – e por proteger outras pragas, como pulgões, de predadores em troca de melada, uma importante fonte de alimento para elas.

“Algumas das formigas com maior probabilidade de se espalhar podem ser muito prejudiciais, como a formiga argentina e a Wasmannia“, afirmou Tsang. “Essas espécies podem competir e predar espécies nativas, causar danos ecológicos e agrícolas e até mesmo representar riscos à saúde humana. Precisamos dar mais atenção a elas”, finalizou.

Fonte: Um só Planeta

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