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AQUECIMENTO GLOBAL

Mudanças climáticas impactam a comunidade de peixes nativos no estuário do Minho

11 de janeiro de 2024
Green Savers com Lusa
2 min. de leitura
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Rio Minho, em Caminha, Portugal. Foto: Paulo Tato Marinho | Wikimedia Commons

Pesquisadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto revelaram que as mudanças climáticas estão tendo um impacto negativo na comunidade de peixes nativos do estuário do rio Minho.

Em comunicado, o centro esclarece que os pesquisadores conduziram campanhas de amostragem semanais ao longo de cerca de uma década (2010-2019) em Marina Lenta, no rio Minho.

A pesquisa envolveu a coleta de 3.029 amostras de peixes, contribuindo para “uma detecção mais precisa de alterações na dinâmica da comunidade”.

Os pesquisadores analisaram a diversidade taxonômica e a diversidade funcional, “permitindo uma compreensão holística e mais aprofundada da biodiversidade desta comunidade”.

Esses indicadores possibilitaram a avaliação das alterações ecológicas na comunidade de peixes e das características mais impactadas positiva e negativamente ao longo dos anos.

Esta pesquisa é uma continuação de outro estudo que constatou que espécies invasoras, como a perca-sol, carpa-comum e tenca (que surgiram no estuário entre 2015 e 2016), foram beneficiadas pelo aumento da temperatura e pelo declínio da precipitação.

Ao mesmo tempo, as espécies nativas foram prejudicadas pela mudança das condições climáticas.

Os resultados deste estudo confirmam as descobertas anteriores e mostram ser “preocupantes”, ao revelar um aumento na diversidade de espécies invasoras de peixes no estuário do rio Minho.

“Observamos um aumento na diversidade de espécies invasoras de peixes no estuário do rio Minho, enquanto o número de espécies de peixes nativas diminuiu”, explicam os autores, Martina Ilarri, Carlos Antunes, Ester Dias e Allan T. Souza.

Esse fenômeno, esclarecem, é influenciado por variações nas condições ambientais e agravado por eventos climáticos extremos.

O evento extremo mais impactante registrado foram ondas de calor, “possivelmente as grandes responsáveis por acelerar as mudanças observadas nesta comunidade de peixes”.

“Os dados obtidos mostram claramente uma alteração na comunidade, beneficiando espécies invasoras que têm maior afinidade com condições de águas mais lentas e ricas em vegetação submersa, ao passo que espécies nativas, em especial as migradoras, são menos tolerantes às variações que ocorreram no ecossistema ao longo da última década”, acrescenta.

O CIIMAR destaca que a redução da diversidade se traduz “em uma ameaça para a saúde e equilíbrio deste ecossistema, causando graves implicações na cultura e economia locais que dependem do peixe como fonte de alimento e subsistência”.

Os pesquisadores destacam a urgência de implementar ações e políticas eficientes para mitigar os efeitos das alterações climáticas e preservar o estuário.

Este trabalho, realizado no âmbito do projeto Migra Miño, é cofinanciado pela Agência Regional Europeia Fundo de Desenvolvimento (FEDER), através do Programa Interreg V-A, Espanha-Portugal, e foi publicado em outubro de 2023 na revista NeoBiota.

Fonte: Greensavers

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