“Se não pensarmos de forma mais realista, atualizando os modelos, não vamos conseguir nos preparar da maneira adequada para o tamanho dos eventos que vão nos atingir. Os eventos e impactos estão se manifestando com uma magnitude maior do que havíamos antecipado”, avalia Anderson.
Em relação às emissões globais de carbono dos incêndios, as florestas boreais canadenses contribuíram com mais de nove vezes em relação à média, representando quase um quarto das emissões globais. Por outro lado, houve redução das emissões nas savanas africanas.
Usando dados de previsão climática, os cientistas apontam que houve sinais dos incêndios no Canadá com um a dois meses de antecedência, enquanto os eventos na Grécia e na Amazônia tiveram horizontes de previsibilidade mais curtos.
Futuro
Os modelos climáticos usados no relatório sugerem que a frequência e a intensidade dos incêndios florestais extremos aumentarão até o fim do século, particularmente em cenários onde as emissões de gases de efeito estufa permanecem altas.
Até 2100, eventos de magnitude similar ao de 2023 no Canadá deverão ser de 6,3 a 10,8 vezes mais frequentes sob um cenário de emissões médio-alto. Já a Amazônia Ocidental poderá ter uma temporada de incêndios extremos quase três vezes mais frequente e na Grécia estão projetados para dobrar. Por outro lado, um cenário de baixas emissões pode limitar a probabilidade futura de incêndios extremos.
Para a temporada de 2024-25, as previsões sugerem uma probabilidade continuada acima da média de clima propício a incêndios —condições quentes, secas e com ventos— em partes da América do Norte e do Sul, que apresentaram condições favoráveis para incêndios na Califórnia, nas cidades canadenses de Alberta e Colúmbia Britânica e no pantanal brasileiro em junho e julho.
Fonte: Folha de S. Paulo