A costa de Kaikōura, na Nova Zelândia, se tornou um cenário de devastação, com milhares de lobos-marinhos-da-nova-zelândia mortos devido à inanição em massa. O fenômeno está diretamente ligado ao declínio da produtividade dos oceanos, causado pela pesca e pelas mudanças climáticas.
As mortes concentram-se principalmente em fêmeas grávidas, que, em estado de desnutrição, não conseguem levar suas gestações até o fim, resultando em natimortos prematuros. Filhotes recém-desmamados também estão entre as vítimas, incapazes de sobreviver em um ecossistema cada vez mais hostil.
Um cenário assustador
Visitar a Península de Kaikōura hoje é como caminhar por um cemitério. Corpos de lobos-marinhos mortos se espalham pela região, enquanto os animais ainda vivos exibem corpos esqueléticos, com costelas, colunas vertebrais e ossos pélvicos expostos devido à quase ausência de gordura corporal. A inanição é uma morte lenta e cruel, causando sofrimento inimaginável à medida que o corpo se desfalece.
E a crise não se limita aos lobos-marinhos. O ecossistema marinho da Nova Zelândia, considerado um dos mais ricos em mamíferos marinhos e aves oceânicas, está em colapso, afetando também diversas espécies de aves marinhas e contribuindo para o deslocamento de baleias. Apesar da gravidade, o problema permanece amplamente desconhecido pelo público.
Craig Alexander, supervisor de biodiversidade do Department of Conservation (DOC), as mudanças climáticas são a principal a causa do problema, já que o aquecimento das águas está levando os peixes a migrarem para áreas mais profundas, fora do alcance das aves e dos lobos marinhos.
No caso de filhotes de focas, a dificuldade em enfrentar ondas fortes e o impacto contra as rochas também podem ser fatores agravantes.
Falta de consciência e ação
Localmente, há pouca compaixão pela situação desses animais. Kaikōura tem uma história ligada à pesca, caça de baleias e agricultura, e muitos acreditam, erroneamente, que há “lobos-marinhos demais” e que o ambiente atingiu sua “capacidade de suporte”. Essas noções são falsas e baseadas em desinformação.
Os impactos humanos estão acelerando o colapso do ecossistema. É necessário adotar soluções baseadas na natureza para combater as principais ameaças, regional, nacional e internacionalmente.
É necessário ampliar as áreas de reserva marinha para proteger habitats críticos, acabar com a pesca e acelerar ações climáticas para mitigar o aquecimento dos oceanos.
Além disso, as colônias de focas de Kaikōura sofrem com o excesso de interação humana devido ao turismo não regulamentado. Visitantes podem ajudar mantendo distância, usando lentes de zoom para fotografar e divulgando a situação desses animais.
