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IMPACTO NO DIA A DIA

Mudanças climáticas aumentam o preço dos alimentos

Em apenas dois anos, produtos como azeite, arroz, café e hortaliças subiram até 300% devido a secas, ondas de calor e chuvas sem precedentes.

6 de agosto de 2025
Daniel Mediato
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Você já se perguntou por que a comida está ficando cada vez mais cara ultimamente? Não é apenas a inflação ou a guerra na Ucrânia. Um novo estudo internacional revela que as mudanças climáticas já estão tornando o que colocamos em nossos pratos diretamente mais caro. Ondas de calor, secas e chuvas extremas não estão apenas destruindo as plantações: elas também estão elevando os preços dos alimentos básicos em todo o mundo.

A pesquisa, liderada por Maximilian Kotz, do Centro de Supercomputação de Barcelona (BSC-CNS), analisou 16 casos em 18 países entre 2022 e 2024. O padrão é claro: quando o tempo fica fora de controle, os preços sobem, e o fazem de forma alarmante. No Reino Unido, as batatas aumentaram 22% em apenas um mês após chuvas extremas de inverno; na Califórnia e no Arizona, os vegetais ficaram 80% mais caros após uma seca devastadora; na Etiópia, os preços dos alimentos subiram 40% após a pior seca em 40 anos, e na Europa, o azeite subiu 50% devido à falta de água na Espanha e na Itália.

Cacau, café, arroz, cebola, repolho… Nenhum alimento parece ser seguro. Em alguns casos, como o cacau na África Ocidental, os preços triplicaram após uma onda de calor que os cientistas dizem ter sido 4°C mais quente devido às mudanças climáticas. Na Índia, cebolas e batatas subiram mais de 80% após um evento de calor “praticamente único”. No Japão e na Coreia do Sul, o arroz e o repolho ficaram quase 50% e 70% mais caros, respectivamente, após verões com temperaturas recordes.

Na Europa, o azeite subiu 50% devido à falta de água na Espanha e na Itália.

Mas o problema não é apenas econômico. Quando os preços sobem, as famílias com menos recursos deixam de comprar alimentos frescos e nutritivos. Isso agrava problemas como a desnutrição, especialmente em crianças, e aumenta o risco de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas ou até mesmo certos tipos de câncer. Além disso, cada vez mais estudos relacionam a insegurança alimentar a problemas de saúde mental.

Maximilian Kotz resume claramente: “Até atingirmos emissões líquidas zero, o clima extremo só vai piorar. Já está prejudicando as plantações e tornando os alimentos mais caros em todo o mundo. De acordo com o estudo, o aumento dos preços dos alimentos é o segundo impacto climático mais percebido pela população, atrás apenas do calor extremo.

O relatório vem pouco antes da cúpula de sistemas alimentares da ONU, onde os líderes mundiais discutirão como proteger o suprimento global de alimentos. E não é coincidência: os países anfitriões, Etiópia e Itália, foram duramente atingidos por esses aumentos de preços.

O aumento dos preços dos alimentos é o segundo impacto climático mais percebido pela população, atrás apenas do calor extremo.

O planeta já aqueceu 1,3°C em comparação com os níveis pré-industriais. Se não forem tomadas medidas urgentes, poderemos chegar a 3°C, um cenário que a ONU descreve como “devastador”. 2023 foi o ano mais quente já registrado… até 2024 chegou. E tudo aponta para que 2025 esteja entre os três mais quentes já registrados.

A mudança climática não é mais uma ameaça futura. Está em nossos campos, em nossos mercados… e em nossas mesas.

Traduzido de Soziable.

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