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Mudança climática no Ártico aumenta risco de novas pandemias

Um estudo internacional publicado recentemente na revista científica Science of the Total Environment alerta para um novo perigo decorrente das mudanças climáticas

9 de abril de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Segundo o consórcio de cientistas responsáveis pela pesquisa, o aquecimento global está provocando o descongelamento do permafrost – solo permanentemente congelado das regiões árticas – liberando microrganismos que permaneceram inativos por milhares de anos. Entre as ameaças estão patógenos como brucelose, tularemia e E. coli, que podem encontrar novos caminhos para infectar humanos.

“O descongelamento do solo que ficou congelado durante milhares de anos no Ártico pode liberar micróbios adormecidos presentes em corpos de animais mortos e outras criaturas”, explica o estudo, destacando o risco de doenças com potencial pandêmico.

Doenças zoonóticas: uma preocupação crescente

Aproximadamente três quartos de todas as doenças infecciosas humanas conhecidas são zoonóticas – capazes de passar de animais para humanos – incluindo muitas encontradas no Ártico. A pesquisa alerta que a poluição, as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade agravam a transmissão dessas zoonoses na região polar.

O estudo analisa documentos científicos e governamentais do Polo Norte, com foco especial no Canadá, Alasca, Groenlândia e Norte da Europa, adotando uma abordagem conhecida como “One Health” (Saúde Única), que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental.

Novas rotas, novos riscos

O derretimento do gelo está abrindo novas áreas para viagens e indústrias, aproximando pessoas de ambientes árticos antes isolados. Essa interação crescente entre humanos e habitats selvagens cria condições perfeitas para que patógenos zoonóticos – sejam eles parasitários, virais ou bacterianos – saltem de animais para humanos.

“As atividades humanas e os habitats animais estão se sobrepondo de maneira que perturba o equilíbrio ambiental”, alertam os pesquisadores. Esses agentes podem se espalhar para humanos através de diferentes meios, como água, alimentos ou meio ambiente.

Urgência da ação preventiva

Os autores do estudo fazem recomendações claras para “aumentar a conscientização e o gerenciamento de zoonoses existentes e emergentes com potencial epidêmico e pandêmico, focando também nos impactos de vários estressores ambientais e fatores de estilo de vida sobre as zoonoses no Ártico”.

Este trabalho serve como um alerta para “governos e comunidades agirem precocemente — antes que surtos ocorram”. Os cientistas defendem o desenvolvimento de melhores sistemas de vigilância de doenças, monitoramento ambiental mais robusto e sistemas de saúde pública resistentes às mudanças climáticas.

Conhecimento das comunidades inuítes como aliado

O estudo também destaca a importância do conhecimento do povos indígenas na detecção dos primeiros sinais de mudanças no ecossistema e na saúde. As comunidades inuítes, que habitam a região há milênios, possuem um entendimento único sobre as transformações ambientais e podem contribuir significativamente para estratégias preventivas.

“Os casos destacam lacunas críticas no monitoramento e no conhecimento atual”, escrevem os autores, enfatizando a necessidade de ações para nos preparar para o futuro.

Com o aquecimento global continuando a transformar rapidamente o Ártico, a ameaça de novas doenças infecciosas representa mais um desafio urgente que exige atenção e ação global imediata.

Fonte: EcoDebate

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