A quantidade de cachorros e gatos nas ruas de Araxá, no Alto Paranaíba, assusta alguns moradores e visitantes quem passam pela cidade. Embora a Vigilância Sanitária não tenha uma estimativa do número de animais abandonados no município, a situação de abandono é tanta que alguns apaixonados por animais, optaram por mudar a vida para tratar dos animais.
É o caso da psicóloga Fernanda Castelha, que deixou a casa na cidade e comprou uma chácara. Seu objetivo era aumentar o espaço para poder abrigar cães. Hoje ela abriga 60 cachorros.
Já a motorista Rosani Guerra Parolini, abriga principalmente os felinos. Na casa dela são 57. Enquanto isso, a técnica em segurança do trabalho, Ludmilla Faria, divide o tempo entre o trabalho e o projeto o pessoal, Castração Evolução, que em dois anos já castrou mais de 500 animais, entre cães e gatos.
Além de deixar a casa, Fernanda Castelha também deixou a profissão de psicóloga e afirma que hoje é mais feliz. “Eu comecei a resgatar cachorros abandonados quando eu morava com meus pais. Eu também ajudo na adoção, mas as pessoas só querem filhotes e de raça. Hoje em dia, eu analiso muito bem antes de doar, porque eu já doei um filhote e no mesmo dia ele foi abandonado. Descobri porque me chamaram para resgatar e quando eu cheguei lá, era o mesmo que eu tinha doado”, contou.
Fernanda disse que busca castrar todos os animais, e que conta com a ajuda de internautas e de uma clínica veterinária da cidade. “É uma satisfação muito grande, principalmente por eu ser psicóloga. Os animais não falam, não pedem ajuda. É muito amor. Se estou com um cachorro há uma semana, parece que ele é meu a vida toda. Quando você vê que um cão doente se recuperou, é uma felicidade pessoal. Eu larguei a profissão que me dava uma renda, e hoje eu sou muito mais feliz do que eu era antes”, disse.
Quem também se realiza fazendo um trabalho em benefício dos animais é a técnica em segurança do trabalho, Ludmilla Faria. O projeto dela, Castração Evolução, já castrou mais de 500 animais, entre cães e gatos. A ideia surgiu quando ela era voluntária em um abrigo. “Para começar, eu comecei vendendo livros usados, e durante cinco meses eu juntei um dinheiro para fazer o primeiro mutirão, há dois anos. Hoje, vendemos livros no sebo, fazemos pizza, camiseta e vamos começar com rifa. Temos apoio de veterinários e voluntários”, contou.
Ludmilla afirmou que o foco da castração são animais abandonados, porém há uma dificuldade, pois é preciso pessoas para cuidarem do pós operatório. “A gente só pega [o animal] se tiver uma pessoa responsável para levar ele no dia. Essa é a nossa grande dificuldade. Por isso que às vezes a gente não consegue atender cachorros abandonados”, explicou.
Quando Ludmilla olha para trás, e vê o que o que o projeto dela já conseguiu, a vontade de continuar o trabalho aumenta ainda mais. “É muito satisfatório. Pensar que já castramos mais de 500 animais, uma sementinha que eu plantei e o negócio foi crescendo. É um projeto meu, junto com as pessoas que me ajudam”, afirmou.
Assim como Fernanda e Ludmilla, Rosani Guerra Parolini também busca ajudar os animais. O foco dela são os felinos. “Isso já veio da minha família. Começou com meu pai, quando eu morava em Brasília. A gente recolhia pombinhas, gatos machucados e cuidava. Hoje eu tenho sete cachorros e 52 gatos”, contou.
Rosiani trabalha como motorista e concilia a vida com a família, o trabalho e os gatos. “Na verdade é um amor incondicional. É o amor mais verdadeiro que existe. Não sou eu que salvo eles, são eles que me salvam. É gratificante. Eu pretendo continuar com o projeto, mas agora somente com gatos, só em caso extremo que vou resgatar cachorros. Pretendo formalizar uma ONG dos gatos. O motivo maior é que ninguém recolhe gatos e eles também são abandonados. Eu senti a necessidade de ter o recolhimento por felinos e fora o amor que tenho por eles”, finalizou.
Construção de novo canil e projeto de castração municipal
A Prefeitura de Araxá, no Alto Paranaíba, anunciou no último mês a construção de um novo canil. O anuncio foi feito pela vice-prefeita e secretária de saúde, Lídia Jordão. Ela disse que a nova estrutura será construída próxima ao atual canil, no setor norte da cidade. Além disso, a coordenadora da vigilância ambiental, Flávia Rios, informou que há um projeto de castração de cães que vai envolver clínicas da cidade e que a meta é castrar mil animais em seis meses.
fonte: G1