(da Redação)
Há 16 anos, o Plaza Shopping em recife, PE, realiza um evento voltado especialmente ao público infantil, chamado “Fazendinha do Plaza” e a esse evento é vinculada a mensagem que aparentemente parece bem intencionada e com uma proposta “inofensiva” que é a de fazer com que as crianças tenham contato com os animais (filhotes principalmente). Porém, por trás dessa “inofensiva” proposta, existem alguns danos profundos para as duas partes mais envolvidas no evento, os animais e as crianças. O grupo LIBERTE (Movimento Vegano pela Libertação Animal) criou uma carta aberta de repúdio contra a atração:
“Os animais (principais vítimas), são expostos como mercadorias, confinados em espaços inadequados, submetidos a um ambiente estressante e artificial, tal qual, um estacionamento de shopping center. Há constantes intervenções das pessoas sobre eles, que mais uma vez são colocados em situações estressantes e degradantes. Aos montes, peixes são colocados em aquários, reduzidos a meros souvenirs de prateleira, vendidos e levados em sacos minúsculos, tendo sua sentença de morte decretada. Galinhas, galos e pintinhos, são manuseados como animais de pelúcia. Pôneis e bezerros, são utilizados como montaria, confinados em restritos “cercados”, deitados no concreto e em meio a gritaria (absolutamente normal que crianças em êxtase de alegria gritem), mas simplesmente, aqueles animais não deveriam estar ali. O caos do ambiente é intensificado com o barulho de carros e a poluição acarretada por eles, afinal o evento se dá em um estacionamento, o que contempla ainda mais o descaso e objetificação desses animais.
Para as crianças os danos são menos “visíveis”, pois se dão no âmbito psicológico. As crianças por pura inocência, estão ali pela empatia e pelo amor que sentem pelos animais. Elas se veem em um mundo fantástico de pura alegria com o quão não estão acostumadas, por serem vítimas de um sistema que preza cada vez mais pelo crescimento urbano, com “grandes obras verticais cinzentas e espelhadas” e isso reflete no dano causado a elas por meio desse evento. Elas são levadas a acreditar que os animais são objetos com fins de divertimento. Não há nenhum propósito educacional nesse evento, as crianças não aprendem sobre o real modo de vida dos animais, preservação ou algo relativo aos direitos desses animais. Pelo contrário, a mensagem de objetificação é cada vez mais esculpida no psicológico delas, pois elas são estimuladas a aprisioná-los em aquários, gaiolas, cercados. É estimulada a utilização de animais para montaria, chegando ao extremo de ter no ambiente “touros mecânicos”, que é um estímulo direto ao rodeio! Não é óbvio que esta naturalização do rodeio consiste em um crime moral? E que este estímulo direcionado às crianças, se torna mais absurdo ainda? Crianças sendo levadas a naturalizar o aprisionamento de peixes em aquários, com pouco oxigênio e em sacos minúsculos.
Talvez a nossa geração possa fechar seus olhos ou mesmo não estar interessada em questões de direitos dos animais, mas as crianças são extremamente conscientes e empáticas nesse sentido, assim como muitos de nós éramos em nossa infância e tivemos nosso desligamento gradativo, sendo vencidos pelos interesses capitais. Nossa natureza é cada vez mais sobrecarregada de interesses materiais e ainda por cima vamos permitir que outros animais sejam vitimados porque escolhemos nos distanciar da natureza? Sendo expostos em prateleiras, aquários, estacionamentos, pra que sejam tratados como pelúcias, brinquedos, souvenires! Não, não podemos fechar os olhos para essa prática moralmente abusiva!
Assim, nós do LIBERTE (Movimento Vegano pela Libertação Animal), com o apoio de outras ONG´s e movimentos em defesa dos direitos dos animais, como a SVB Recife (Sociedade Vegetariana Brasileira, APPA – Associação Paulistense de Proteção aos Animais, ONG Apar, AUB (Adote um Bichano), Associação Amigos dos Animais de Camaragibe-Pe, Grupo Nada em Troca, Associação Casinha da Misericórdia, Gatinhos Urbanos, Projeto Patinha, Dhuzati Coletiva Vegetariana Artesanal, GiGi Pet Sitter e outros militantes independentes, planejamos esta, que é a primeira intervenção ao evento (e esperamos ser a última), de forma pacífica e principalmente educacional, na tentativa de conscientizar os pais e até mesmo as crianças, de que não é natural, nem é divertido confinar e explorar seres vivos, mesmo que estes não sejam animais humanos. Que animais não são objetos expostos e sim seres sencientes, dotados de inteligência própria, consciência e que anseiam a mesma liberdade que prezamos para nós. Iremos fortalecer a empatia e respeito que naturalmente as crianças tem pelos animais e pela natureza. Tentaremos plantar a semente da religação que todas/os temos com o mundo em que vivemos. Dessa forma, reivindicamos o fim desse evento abusivo e exploratória e a substituição por atividades realmente educativas para as crianças, sem a presença de animais”.