Por Laura Dourado / Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Um cavalo explorado para corridas entrou em colapso na linha de chegada. Ele machucou a perna dianteira esquerda, fraturando o osso perto de sua articulação na base de sua perna. Os funcionários da organização do evento correram até o local com grandes lonas verdes para evitar que a multidão e as pessoas que assistiam à corrida pela televisão o vissem agonizando.
Depois de um tempo, as lonas foram ao chão e o cavalo – chamado de Red Cadeaux – ficou de pé e trotou até uma ambulância. A multidão comemorou, provavelmente acreditando que ele ficaria bem.
Alguns dias depois, o site Racing Victoria anunciou que o cavalo Red Cadeaux estava “confortável” e que a fratura estava “estável”. O veterinário que cuidava do equino, Chris Whitton, da Universidade de Melbourne, disse acreditar que seu machucado “não era uma ameaça à vida do animal”.
Porém, poucas semanas depois, quem estava seguindo a história de Red Cadeaux recebeu outra versão: agora a fratura na perna do animal era “irreversível”, Red Cadeaux teve sua morte induzida em 20 de novembro de 2015.
Red Cadeaux foi o quarto cavalo a morrer nos últimos quatro anos durante a Melbourne Cup, uma famosa corrida de cavalos da Austrália.
Em 2014, dois cavalos, Admire Rakti e Araldo, morreram depois de se machucarem na mesma corrida, e em 2013 um cavalo chamado Verema também teve sua morte induzida na pista de corrida apesar das lonas verdes impedirem o público de ver o que estava acontecendo.
Nesse ano, na Melbourne Cup, que aconteceu no dia 3 de novembro, nenhum cavalo morreu, mas muitas pessoas já esperavam que isso acontecesse. Na realidade, uma emissora australiana lançou um programa crítico onde especulavam qual cavalo deveria morrer durante o evento.
Enquanto muitas pessoas ficam horrorizadas com a morte desses animais, a Melbourne Cup continua a ser um chamariz para o grande público australiano. Cerca de 100 mil pessoas participam do evento e milhões assistem pela televisão. Em 2014, a Melbourne Cup lucrou aproximadamente 149 milhões de dólares às custas dos abusos dos animais.
Em 2015, 132 cavalos morreram em corridas na Austrália devido a lesões repetidas, segundo o Coalition for the Protection of Racehorses, o que significa aproximadamente uma morte a cada três dias.
Quando os cavalos não podem mais competir, eles são “aposentados”, mas isso não significa que poderão aproveitar sua vida no campo. A “aposentadoria” normalmente significa a morte.
Na Austrália, a carne de cavalo é usada principalmente para alimentar cachorros, mas também pode ser exportada para a Bélgica e França para o consumo humano, e não são apenas os cavalos “aposentados” que são assassinados, mas também potros que não correspondem aos padrões da indústria.
Por exemplo, se um cavalo é considerado muito lento ou difícil de treinar ou apenas não tem o físico para as corridas, muito provavelmente ele será mandado para o matadouro.
Mais de 25 mil cavalos australianos são assassinados em matadouros todos os anos, de acordo com a Animals Australia, e, para piorar, eles normalmente veem seus amigos e parentes serem mortos enquanto aguardam sua vez.
Nos Estados Unidos, as corridas de cavalos não são muito diferentes e em 2015, de acordo com o American Jockey Club, foram registradas 484 fatalidades com cavalos de corrida.
Não há matadouros de cavalos nos Estados Unidos, mas eles são transportados para o México e Canadá para que sejam mortos, e não são apenas cavalos de corrida “aposentados” que são mortos, qualquer equino que seja considerado inadequado terá o mesmo fim.
Também em 2015, de acordo com um relatório do Animal Welfare Institute, mais de 125 mil cavalos americanos foram mandados para matadouros no México e no Canadá, nformou o The Dodo.
Nota da Redação: A Melbourne Cup pode ter acabado neste ano, mas as corridas de cavalos continuam tirando a vida de centenas de animais usados como entretenimento em todo o mundo. Eles são vítimas de uma indústria que visa maximizar seus lucros por meio do sofrimento e das mortes dos animais. Isto só acabará quando as pessoas se conscientizarem de que as outras espécies não devem ser usadas para servir seres humanos, mas sim preservadas desta exploração.