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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Morte em massa de corais é risco grave para praias em todo o mundo, diz especialista

Branqueamento de recifes degrada costa marítima e diminui quantidade de peixes, destaca o cientista australiano Peter Mumby

1 de abril de 2025
Giuliana Miranda
7 min. de leitura
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Corais branqueados e mortos no entorno da ilha Lizard na Grande Barreira de Corais, na Austrália. Foto: David Gray/AFP

Além do espetáculo visual de suas cores e formatos, os recifes de corais são essenciais para o equilíbrio da biodiversidade marinha e para o sustento de muitas comunidades, que dependem deles para alimentação, pesca, desenvolvimento do turismo e até proteção contra a erosão nas praias.

Sensíveis à elevação da temperatura das águas, esses ecossistemas vêm sofrendo com os sucessivos recordes de calor no planeta. Modelagens climáticas projetam danos significativos para os recifes caso o mundo siga na atual trajetória para 3°C de aquecimento até 2100.

“Isso reforça ainda mais a necessidade de reduzirmos nossas emissões [de gases de efeito estufa]”, destaca o pesquisador Peter Mumby, uma das principais referências no estudo e na conservação dos corais, com mais de 400 artigos científicos publicados.

O professor da Universidade de Queensland, na Austrália, esteve no Brasil recentemente para participar de uma iniciativa do Instituto Serrapilheira que oferece treinamento a jovens pesquisadores na área de ecologia, com foco interdisciplinar.

Com uma pesquisa que combina estudos de campo, trabalho em laboratório e modelagens climáticas avançadas, Mumby e sua equipe se dedicam amplamente ao estudo da resiliência dos corais e ao desenvolvimento de projetos para protegidos.

Em entrevista à Folha, ele falou sobre os principais temas relacionados aos recifes, incluindo a crescente ameaça do branqueamento dos corais: um fenômeno que, no ano passado, atingiu com força o Brasil.

O que o branqueamento de corais nos diz sobre a saúde dos oceanos?

Eles são um dos primeiros organismos a reagir negativamente quando a temperatura da água fica anormalmente alta. Uma das reações ao estresse é que eles ficam de uma cor branca brilhante, e é por isso que chamamos esse fenômeno de branqueamento.

Os corais mantêm uma relação simbiótica com minúsculas plantas que vivem dentro de seus corpos. Essas plantas utilizam a energia do sol para produzir açúcar, que permite que o coral construa um esqueleto calcário de carbonato de cálcio para sua proteção.

Quando os corais sofrem com temperaturas anormalmente altas, eles ficam brancos porque perdem essas plantas que vivem dentro deles. Quando elas morrem devido ao calor extremo, o coral fica apenas com seu esqueleto calcário exposto. Se os corais permanecerem branqueados por vários meses, eles podem morrer. Alguns são mais tolerantes, mas outros morrem rapidamente.

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