Seus modelos ecológicos simulam os efeitos das mudanças climáticas em toda a Grande Barreira de Corais, na Austrália. Quais são as previsões mais preocupantes para as próximas décadas?
Os modelos preveem que, sob a atual trajetória de emissões que estamos seguindo —que levaria a um aumento de aproximadamente 3°C até o fim do século—, haverá um estresse muito intenso sobre os recifes por volta da metade do século.
Eles preveem que os recifes se tornarão altamente degradados. Isso não significa que todos os corais desaparecerão. Ainda haverá alguns, mas a diversidade e a beleza diminuirão drasticamente. Além disso, os recifes terão menos capacidade de sustentar a pesca, prejudicando comunidades que dependem deles.
Se conseguíssemos reduzir as emissões e voltar ao cenário climático do Acordo de Paris, limitando o aquecimento a 2°C, os modelos preveem que os recifes poderiam se manter razoavelmente saudáveis até o fim do século.
Os corais conseguem se recuperar até certo ponto, mas não na mesma velocidade do aquecimento atual. O que podemos fazer para apoiar essa adaptação?
A primeira coisa que devemos fazer é manter o melhor ambiente possível para os corais. Isso significa reduzir a poluição e, especialmente em um país como o Brasil, onde há baixa biodiversidade nos recifes, é essencial proteger o ecossistema ao redor dos corais.
Os corais não se desenvolvem bem quando precisam competir com algas marinhas. Então, proteger espécies que se alimentam dessas algas, como os peixes-papagaio, é uma medida prática que ajuda os corais a se recuperarem mais rapidamente.
Como funciona a restauração ativa de corais?
Esta é uma abordagem que tem ganhado espaço. Algumas áreas podem ser tão danificadas que não conseguem se recuperar sozinhas em um tempo razoável. Se identificarmos essas áreas, podemos usar diferentes métodos de restauração.
Por exemplo, algumas equipes coletam fragmentos de corais danificados e os fixam novamente nos recifes usando suportes ou arames. Em outros casos, instalam estruturas artificiais que ajudam os corais a se fixarem e crescerem. Além disso, há projetos onde corais são cultivados em viveiros terrestres e depois reintroduzidos nos recifes.