Os moradores na freguesia do Bom Sucesso, em Coimba (Portugal), estão indignados com o cenário a que se assiste na Lagoa da Salgueira, com milhares de peixes mortos e a ameaça de a Lagoa vir a desaparecer para sempre. Tudo porque os organismos públicos “não fazem nem deixam fazer”, diz Adalberto Silva, descontente com o estado a que a lagoa chegou, devido à falta de limpeza, mas também porque as valas, agora entupidas, no tempo de chuva abasteciam a lagoa. “Há pouco tempo um grupo de pessoas decidiu limpar as valas com tratores, e os do Ambiente souberam, vieram impedi-los e ainda os processaram”, conta, mostrando o cenário de milhares de carpas e pimpões a boiarem à beira da água.
“Como é que tendo nós esta riqueza natural, em vez de a cuidarem, a deixam chegar a este ponto, é um verdadeiro crime”, afirma a empresária Isabel Pereira, que recorda que, há poucos anos, aquele era um local paradisíaco. Aliás, a Lagoa da Salgueira (tal como a da Vela e outras) está intimamente ligada à memória daquela população, não só pela riqueza que se gerava em seu redor (agricultura), mas também como espaço de lazer. “Lembro-me que, quando era garoto, a nossa perdição eram as lagoas e a sua água tão límpida”, conta Adalberto Silva, olhando para as centenas de metros de lama e plantas infestantes que estão destruindo a lagoa.
A situação esteve em pauta na carta enviada por um morador da freguesia ao secretário de Estado do Ambiente, onde recorda que “há mais de uma década, foram iniciados diálogos com diversas entidades, em que se incluíam o Ministério do Ambiente e a CCDR, com a ideia de estudar uma solução para a dragagem das referidas lagoas. Estas conversações não nos conduziram a lado nenhum, ou melhor, chegou a estar instalada uma draga na Lagoa da Vela, que foi retirada sem ter executado qualquer trabalho”.
Temendo que as lagoas se percam, Jorge Amaro chama a atenção para o fato de elas terem sido “local de lazer para muitas pessoas que se deslocavam de outros pontos do país e uma fonte de sustento de muitas famílias gandaresas carenciadas, nas quais me incluo”, frisa no manuscrito, garantindo que o desagrado manifestado “nada tem de político. A coincidência de datas deste escrito com a campanha eleitoral é só porque esta se está se realizando no final do verão, altura em que o problema se agrava”, explica, afirmando que as pessoas da freguesia são “povo honesto, trabalhador, ordeiro e votante. Estamos fartos de ser espoliados daquilo que é nosso por questões políticas e ‘politiqueiras’. Se necessário, avançaremos para a limpeza das lagoas, mesmo sabendo que é contra a lei e que sofreremos as consequências desse ato”, finaliza.
Fonte: Diário de Coimbra