Até os defensores mais fiéis da tradicional caça às baleias nas ilhas Faroe condenaram o massacre “cruel e desnecessário” no domingo de um superpod (um grande grupo de golfinhos de diferentes famílias extensas) aproximadamente 1.500 golfinhos, que foram levados para a superfície das águas da praia Skálabotnur na ilha de Eysturoy e deixados se contorcendo por horas antes de serem mortos.
O grupo Sea Shepherd, que tem feito campanha para parar a tradicional caça faroese “Grind” desde 1980, afirma que a caçada de domingo foi “a maior matança individual de golfinhos ou baleia-piloto na história da ilha”, com mais animais morrendo do que uma temporada inteira na infame “Cove” em Taiji, Japão.
Mas desta vez, a escala de morte foi tanta que até muitos faroenses, que frequentemente veem a caça como parte da sua herança hereditária, expressaram desgosto.
“Eu fico com náusea vendo esse tipo de coisa”, disse um comentarista na página do Facebook da emissora local Kringvarp Føroya, com outro descrevendo o massacre como “ totalmente terrível”, dizendo: “ Eu estou envergonhado de ser faroense”.
Heri Petersen, que preside a associação local de caça Grind na baía onde a matança tomou lugar, disse que muitos golfinhos foram conduzidos para a baía em uma distância muito longa, com muitas poucas pessoas esperando na praia para matá-los, prolongando a agonia deles.
“Eu estou chocado com o que aconteceu”, ele disse ao site local In.fo de notícias. “ Os golfinhos ficaram na praia se contorcendo por muito tempo antes deles serem mortos”.
Hans Jacob Hermansen, o ex-presidente da Associação Faroense Grind, que faz campanha para a sobrevivência da caça tradicional, disse a emissora local Kringvarp Føroya que ele estava chocado pelo evento, que ele disse “ destrói todo o trabalho que nós fizemos para a preservar o Grind”.
“O mundo se tornou muito menor hoje, com todo mundo andando por aí com uma câmera em seus bolsos”, disse o seu sucessor, Ólavur Sjúrðarberg. “ Isso é um presente para aqueles que nos desejam o mal quando se trata do the Gring”.
The Grind é significativo para muitas pessoas faroenses, com espectadores aparecendo para assistir da costa, e a carne da pesca tradicional compartilhada pelas famílias que participaram, com qualquer excesso então espalhado entre os moradores locais.
Mas um local disse ao jornal dinarmaquês Ekstra Bladet que não havia jeito nenhum que os locais iriam querer consumir esse tanto de carne de golfinho.
“Meu palpite é que a maioria dos golfinhos vão ser jogados no lixo ou em um buraco no chão”, eles disseram. “ Nós devíamos ter cotas por distrito, e nós não deveríamos matar golfinhos”.
O capitão Alex Cornelissen, o executivo-chefe global da Sea Shepherd, que faz campanha contra a caça às baleias, disse que em meio a uma pandemia global isso foi “absolutamente chocante ver um ataque na natureza dessa escala nas ilhas Faroe”.