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Morte da gorila Kifta provoca questionamentos sobre as condições do Zoológico de BH

3 de março de 2013
4 min. de leitura
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Foto: Divulgação

O recinto fundo e gramado em que até março do ano passado o gorila Idi Amim reinou sozinho por 27 anos voltou ontem a abrigar apenas um animal da espécie. Depois de cinco dias doente, Kifta, de 12 anos, uma das gorilas trazidas da Inglaterra em 2011 para o zoológico de Belo Horizonte, para se acasalar com o primata que era a atração principal do complexo, foi encontrada morta. De acordo com o diretor da instituição municipal, Carlile Coelho, Kifta teve edema pulmonar agudo (acúmulo de líquido no pulmão) e colite hemorrágica difusa grave (infecção intestinal). O corpo passa por necropsia para determinar o que causou os problemas. As principais hipóteses são baixa imunológica ou contaminação alimentar. O animal, considerado jovem, é o quarto da espécie a morrer no local e começou a apresentar sintomas de indisposição intestinal no dia 25. Agora, resta no abrigo apenas a fêmea Imbi. “A gorila estava se alimentando menos e tinha sinais de apatia. Como não melhorou nos últimos dois dias, foi mantida em separado da companheira. Hoje (ontem) foi encontrada morta”, disse Coelho.

A morte de Kifta pode atrapalhar os planos do zoológico de conseguir um macho da espécie para tentar de novo a reprodução da espécie em cativeiro. Um relatório sobre as circunstâncias do óbito foi enviado à Associação Europeia de Zoológicos, que permitiu a vinda das gorilas para Belo Horizonte. O destino do corpo da primata também será determinado em comum acordo com o órgão estrangeiro. Normalmente, de acordo com o diretor do zoológico, os animais mortos são doados para o Museu de História Natural da PUC Minas, para que tenham aproveitamento científico e educativo em exposições e estudos. “Estávamos esperando que o novo gorila pudesse vir de seis meses a um ano, mas isso tudo pode mudar devido à morte de Kifta ”, admite Carlile Coelho. Idi Amim tinha 39 anos ao morrer.

A morte da gorila coincide com denúncias recebidas pelo Estado de Minas dando conta de uma rotina de falta de cuidados com os animais no zoológico. De acordo com um biólogo, que prefere não se identificar, muitas mortes ocorreram na fundação em um curto espaço de tempo. “Conversei com funcionários e eles estão indignados com a situação, mas não podem falar”, afirmou. Segundo ele, há cerca de quatro meses todos os flamingos e cisnes morreram vítimas da infestação de uma bactéria, e um lobo-guará teria fugido e matado um cervo em uma gaiola vizinha.

Outro problema seria a situação do tigre, que tem displasia (tumor) nas patas traseiras. “Ele está magro. Visivelmente abatido. O pior é que isso tudo não é divulgado. Essa falta de esclarecimentos deixa uma impressão muito ruim”, disse. Após visitação, o especialista fez críticas às condições locais. “Percebo um ar de descaso, tanto com o zoológico, que está sujo e abandonado, quanto com os animais.”

De acordo com o biólogo, também faltam profissionais na Fundação Zoobotânica para dar informações sobre os animais ou orientações de educação ambiental. “Muitos funcionários saíram por insatisfação. Outros estão desviados de suas funções e, em vez de tratadores dos bichos ou guias de visitação, acabam assumindo o papel de porteiros”, disse.

Negativas

O diretor do zoológico, Carlile Coelho, disse que não houve nenhuma outra morte de animal nos últimos dias. Segundo ele, um dos tigres, trazido pelo Ibama de um circo, tem uma infecção renal gravíssima, de difícil tratamento, e está sob cuidados do hospital veterinário. Já as mortes de pássaros ele alega que teriam ocorrido há quase três anos, devido a uma praga trazida por aves migratórias. Os animais foram sacrificados, para que não contaminassem outros exemplares.

Sobre as condições do complexo de exposição de animais, o diretor do zoológico sustenta que as instalações estão em bom estado e que a qualidade é reconhecida internacionalmente. “Fomos aceitos pela Associação Europeia de Zoológicos, mesmo sendo americanos, exatamente por essa excelência que nos permitiu ter os únicos exemplares de gorilas da América Latina”, frisou. Atualmente, o espaço abriga 3,5 mil animais de 260 espécies.

Fonte: Estado de Minas

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