Um fato está chamando a atenção das autoridades de saúde pública no município de Canindé, a 126 quilômetros de Fortaleza. A mortandade de urubus na Fazenda Carneiro, distante 26 quilômetros da sede, no acesso da CE-257 com destino à cidade de Aratuba, tem deixado o proprietário Miguel Augusto muito preocupado. “Sou agente de saúde e ambientalista por vocação, e nunca na minha vida tinha presenciado una cena dessa natureza. As aves ficam bêbadas, tremendo, caem e morrem”, conta o pequeno produtor.
O fenômeno vem ocorrendo há aproximadamente um mês. Miguel Augusto falou que já morreram mais de 40 urubus, sem que se tenha uma explicação para o fato. “Estão morrendo também carcarás, anum preto, gavião e até um cachorro já perdeu a vida. Moro há 16 anos nessa fazenda e nunca tinha visto coisa igual. Vou pedir a intervenção do Ibama para apurar a causa das mortes. Da maneira que está é que não pode continuar. Sou defensor da natureza e jamais imaginei que um dia iria acontecer um caso tão intrigante nas minhas terras”, lamenta Miguel Augusto.
O caso ganhou repercussão na região. Muitas pessoas acham que as aves de rapina estão morrendo por envenenamento. Outras acham ser consequência do desequilíbrio ambiental. De certo, mesmo, é que até agora nenhuma autoridade ligada à proteção dos recursos naturais se pronunciou oficialmente sobre a verdadeira causa das mortes dos urubus.
Na opinião do ambientalista Fábio Maurício dos Santos, não é comum entre urubus acontecer morte repentina, e ainda por cima em grande escala. Como são aves que se alimentam de resíduos orgânicos, muitos já em decomposição, apresentam grande resistência no ambiente.
“É preciso um estudo mais aprofundado da área. Saber de onde essas aves estão vindo, como elas chegam até a reserva ambiental da fazenda, colher amostras dos urubus mortos, enfim, é preciso cuidar o quanto antes desse problema”, disse.
A secretária de Saúde de Canindé, Clara Medeiros, falou que irá mandar uma equipe da Vigilância Sanitária ao local para apurar esse fenômeno.
Limpeza do ambiente
“Estamos preocupados com tudo isso. É muito estranho urubus morrendo repentinamente. Queremos cuidar da saúde da população de forma concentrada, mas também não podemos deixar que fatos dessa natureza aconteçam. O urubu é uma espécie que precisa ser preservada, porque ele ajuda na limpeza do ecossistema, com a decomposição de animais mortos, deixando o ambiente mais limpo”, observa a secretária de Saúde.
Miguel Augusto mostra-se preocupado com a situação. “Espero que depois da divulgação deste problema, as autoridades que estudam esses casos possam se pronunciar a respeito dessa tragédia ambiental e apresentar solução”, diz ele, esperando solução antes que o problema se agrave.
Fonte: Diário do Nordeste
