Bem longe da dimensão das “chuvas de aves” nos Estados Unidos, quem anda no terreno em Portugal tem visto mortalidades significativas. Pombos-bravos, garças e aves marinhas morrem devido ao mau tempo, seca e caça com fogos-de-artifício.
Vítor Encarnação é ornitólogo no Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) desde 1976 e nunca viu nada da dimensão do que aconteceu nos estados do Arkansas e Louisiana.
Ainda assim, o coordenador da Central Nacional de Anilhagem já tem visto episódios de mortalidade de aves em Portugal, especialmente devido a condições meteorológicas mais adversas.
“Quando há períodos de seca, algumas aves não se conseguem alimentar e morrem de fome”, contou ao PÚBLICO. Lembra-se, por exemplo, que “há cerca de três anos houve um caso de seca em que muitas garças-boieiras morreram de fome”.
Mas não é só. É usual darem à costa 20 ou 30 aves marinhas depois de períodos prolongados de mau tempo no mar. “As aves marinhas morrem de exaustão, fome e de frio. Quando aparecem no mesmo sítio é porque ficaram presas nas redes de pesca e os pescadores atiram-nas ao mar já mortas, vindo dar à praia juntas.”
Além disso, “quando há mau tempo, na época de reprodução de garças, os pintos já não conseguem ter a proteção dos pais morrem de frio. Nestes casos verificam-se mortalidades significativas”.
Estas são as causas “normais e naturais”. Mas existem outras. “Em Portugal é muito utilizado o fogos de artifício para a caça ao pombo”, lembrou. O que acontece é que são disparados foguetes para cima das árvores onde os animais estão dormindo. Estes “com o susto, atiram-se literalmente para o chão, fugindo na direção oposta aos foguetes. Morrem às centenas. É um método barato e que não dá trabalho para os caçadores, é só apanhar os animais do chão”.
Fonte: Público