O Santuário dos Elefantes anunciou com profundo pesar o falecimento de Tamy, um elefante asiático macho que vivia no Ecoparque Mendoza, na Argentina. A morte ocorreu na noite de segunda-feira (23/06), frustrando os planos do santuário de acolhê-lo e proporcioná-lo liberdade.
Com mais de 50 anos de idade, Tamy enfrentava os desafios físicos de uma vida marcada pelo confinamento extremo e pelas sequelas de décadas de exploração. O santuário, que no ano passado lançou uma campanha para arrecadar fundos e construir um habitat adequado para recebê-lo, lamentou que o elefante não tenha tido a chance de experimentar a autonomia e o cuidado que merecia.
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“Seu corpo vinha lidando, aos poucos, com desafios cada vez maiores, então, embora essa notícia seja chocante, também representa tristemente o que o cativeiro pode causar a um indivíduo — especialmente ao longo de décadas”, disse a equipe do santuário em nota. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas uma necrópsia será realizada em breve.
A história de Tamy
Tamy foi um elefante de circo e passou mais de 30 anos no Ecoparque Mendoza. Seu passado traumático, moldado pela dominação humana, deixou marcas profundas em seu comportamento. “A maior parte — senão toda — de sua formação foi baseada em submissão, o que gerou nele uma desconfiança extrema dos humanos”, explicou o santuário.
Nos últimos três meses, os tratadores vinham trabalhando pacientemente para construir uma relação de confiança com ele. “Tamy começava a responder de forma positiva ao tempo que passavam juntos”, relataram. Pequenos gestos de afeto, antes raros, começavam a surgir em momentos de segurança.
O Santuário dos Elefantes afirmou que estava empenhado em trazer Tamy para o Brasil, apesar das dificuldades logísticas e de saúde. “Embora seu caminho até o santuário não fosse simples, estávamos comprometidos em garantir que ele tivesse a chance de viver a autonomia que este lugar proporciona”, afirmou a equipe, agradecendo a todos que contribuíram para a campanha de arrecadação.
Em um emocionado tributo, o santuário descreveu Tamy como um indivíduo complexo e sensível, que tentava, aos poucos, superar seus traumas. “Tamy será lembrado pela doçura que, por vezes, transparecia por baixo de sua aparência mais rígida — nos momentos em que se sentia seguro o suficiente para baixar a guarda.”
Sua morte, embora trágica, serve como um alerta sobre os efeitos devastadores do cativeiro. “Sua partida revela o impacto do cativeiro, mas sua vida foi muito mais do que sua história e seu entorno. Ele era um doce garoto, que tentava confiar em si mesmo e em quem o cercava, iniciando sua jornada emocional rumo à liberdade antes mesmo de dar os primeiros passos rumo à liberdade física.”
A trágica morte de Tamy serve como um alerta urgente: Sandro, o elefante asiático preso há mais de quatro décadas no Zoológico de Sorocaba (SP), não pode ter o mesmo destino. Ele também é um idoso marcado pelos anos de confinamento, solidão e falta de estímulos naturais, e já esperou tempo demais. Esperamos que sua libertação seja concedida com rapidez
Tamy não pôde conhecer a liberdade, mas sua história reforça a urgência de acabar com o cativeiro de animais. Que sua memória inspire mudanças e que, um dia, nenhum elefante precise esperar décadas por um pouco de dignidade.
Nota da redação: a morte de Tamy nos causa profunda tristeza. Sua partida antes de alcançar a tão sonhada liberdade mostra os danos irreversíveis causados pelo aprisionamento de animais. A exploração de animais em circos, zoológicos e outras formas de entretenimento humano é cruel e precisa acabar. Que a memória de Tamy nos impulsione a lutar por um mundo em que nenhum animal seja privado de autonomia, dignidade e bem-estar.
