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Morre cadela torturada por tutor em Santo André (SP)

4 de novembro de 2010
5 min. de leitura
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Roberta Roperto
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Certamente se este nosso mundo fosse um lugar onde todos os seres humanos respeitassem tudo que tem vida, onde existisse somente um sentimento essencial nas pessoas chamado amor, eu diria a vocês que a notícia é triste, afinal ficar aqui seria a felicidade. Mas, este mundo “ideal” que citei acima, simplesmente não existe.

Muitas pessoas se questionam que se Deus existisse nada de ruim aconteceria aos animais. Só que esquecemos que este mesmo Deus criou a todos nós, os ruins e os bons, deixou o livre arbítrio para que cada um  faça da sua vida o que bem entender, tendo a consciência das consequências que virão com suas escolhas e decisões. Eu acredito na justiça divina e sei que nenhum ato passa despercebido, mas nós como seres humanos imediatistas queremos ver todos que cometem atrocidades sofrerem, pagarem, mas nem sempre dá tempo, mas com certeza esta “cobrança” lá de cima é certa.

Diante de tudo, digo a vocês que a Meg ou Nick, batizada por seu antigo e miserável tutor, está feliz agora, então a notícia deveria ser boa e se é realmente como dizem, que os animais partem para outro plano, onde existe verde, animais correndo, amor e paz, ela realmente está feliz. Hoje, meu coração me pediu que a colocasse para dormir. Desde o dia 24 lutamos juntas, eu, Tania, única vizinha que teve a coragem de pedir ajuda, e a nossa Meg, que lutou como uma guerreira pela vida. Foi internada, cuidada, íamos visitá-la todos os dias. Quando não achei que estava sendo tratada adequadamente, a levei em outro veterinário de minha confiança.

Continuamos lutando, indo lá, dando comida na boca, dando atenção, respeito, um colchãozinho quente, calor humano, paz e carinho, tudo isso se resume em uma única palavra, tão pequena e tão importante: AMOR (conforme matéria publicada na ANDA). A Meg não respondia mais a estímulos, mesmo assim tentamos até onde não dava mais. Hoje, quando cheguei a clínica, cheia de esperança e com uma seringa na mão para alimentá-la, meu coração me disse: CHEGA. Ela não conseguiu comer, a língua não respondia mais e o olhar estava distante, ela já não estava mais aqui. Soltou um gritinho, parecia me pedir, parecia me mostrar que sentia dor e que era hora de parar. Tomei a pior decisão da minha vida, mas para ela seria a melhor.

Fiquei até o último segundo de vida ao lado dela dizendo no ouvido dela : Nick, me perdoe, se nunca conheceu o amor, eu te dei, eu te amo e nunca vou esquecer você, perdoe a mim e a todos os seres humanos menos evoluídos que não sabem o quanto é bom amar, respeitar, ter compaixão. Você foi e ainda é muito amada, dei todo carinho que pude, beijei muito, agradei muito. Animais não raciocinam? Isso eu não sei, mas, com certeza, eles sentem e entendem, porque só conhecem sentimentos bons, ao contrário de nós.

Ela viveu 8 anos sendo judiada, mas sobreviveu 8 dias sendo muito amada. Foi isso que ela levou não só de mim, mas de todos vocês que junto comigo oraram, torceram, mandaram mensagens. Vocês  são seres iluminados, evoluídos e por isso sei que conseguem medir a dor e o vazio que sinto agora, porque nascemos para salvar vidas e não tirá-las e até para isso precisamos ser mais fortes do que imaginamos.

Temos vários animas, resgatamos, salvamos e perdemos muitos deles, mas para cada um a dor é única. Cada um que vai embora, leva um pedaço da gente, sempre. Não foi isso que sonhei para ela, principalmente por conhecer sua história, minha garra era maior, mas (in)felizmente temos nossos limites, não somos Deus. Obrigada por todos que me ajudaram até o último momento da vida desse anjo.

Eu não sou nenhuma heroína como muitos disseram, sou apenas sensível e tenho a mesma compaixão que vocês e qualquer um de vocês, no meu lugar, teria cuidado e tentado salvá-la, assim como eu fiz. Todos nós somos heróis, todos os dias.

Obrigada por existirem, porque só assim acredito que este mundo pode ser melhor um dia. Quanto ao “tutor” tenham certeza que irei atrás disso, principalmente agora, porque dor e revolta. Se ele não foi o responsavel direto por um possível tumor cerebral, foi o responsável pelo sofrimento de Nick durante 8 anos e omissão de socorro, por falta de compaixão e de respeito à vida.

Quero poder contar com a ajuda de todos para isso, porque certamente nenhum vizinho fará, apesar da nossa indignação, sabemos que as pessoas são omissas e enquanto for assim, ainda veremos muitas cenas como esta.

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