A cientista e ativista global Jane Goodall faleceu hoje (1º/10), aos 91 anos, na Califórnia, Estados Unidos, por causas naturais. Reconhecida como a “amiga dos chimpanzés”, ela deixou um legado que transcende a ciência, dedicando uma vida inteira à defesa dos animais e todos os seres vivos.
Jane Goodall transformou a infância marcada pela curiosidade sobre animais em uma trajetória de impacto mundial. Ao observar de perto a vida dos chimpanzés em Gombe, na Tanzânia, ela desafiou a visão dominante da ciência de sua época.
Ao dar nomes em vez de números aos animais, Jane mostrou ao mundo que eles não eram objetos de estudo, mas indivíduos com personalidades, emoções e laços familiares, dignos de respeito e proteção. Ela dedicou a vida a desmantelar a visão antropocêntrica que coloca o ser humano em um patamar superior e inalcançável.
Essa mudança de olhar não apenas revolucionou a primatologia, mas também abriu caminhos para o movimento pelos direitos animais, mostrando que a humanidade não está acima da natureza, mas faz parte dela.
Fundadora do Instituto Jane Goodall e do programa Roots & Shoots, ela dedicou sua vida à proteção, à educação ambiental e ao resgate de animais vítimas do tráfico e da exploração. Histórias como a de Wounda, chimpanzé que sobreviveu a um tiro que matou sua mãe e foi reabilitada até voltar à natureza, simbolizam o trabalho compassivo de Jane e sua crença na possibilidade de cura, tanto para indivíduos quanto para ecossistemas inteiros.
Mais do que uma cientista, Goodall foi uma ativista que percorreu o mundo até os últimos anos de vida, levando mensagens de esperança e cobrando líderes políticos a assumirem compromissos em defesa do clima, da floresta e dos animais. Sua voz lembrava que não existe uma separação rígida entre humanos e outros seres vivos.
Seu ativismo incansável lhe rendeu as mais altas honrarias, como o título de Dama do Império Britânico e a Medalha Presidencial da Liberdade dos EUA, mas seu maior prêmio foi a legião de seguidores que ela inspirou a enxergar o mundo com mais compaixão.
Com sua partida, o movimento pelos direitos animais perde uma de suas maiores vozes. Mas seu legado permanece vivo em cada jovem inspirado, em cada animal salvo e em cada santuário que hoje acolhe os que antes eram explorados.
Nota da Redação: a ANDA lamenta profundamente a partida de Jane Goodall, um exemplo de compaixão e uma das vozes mais transformadoras do século XX pela causa animal. Sua coragem ao demonstrar a personalidade, a senciência e os laços emocionais dos chimpanzés quebrou o paradigma científico que os tratava como objetos, pavimentando o caminho para o movimento moderno de direitos animais. Ao recusar a visão de um abismo intransponível entre humanos e não humanos, Jane não apenas revolucionou a ciência, mas plantou uma semente de respeito inabalável que seguirá inspirando gerações. Seu legado é a prova eterna de que a empatia é a mais poderosa ferramenta de mudança.