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Morcego salvo por escola alentejana

14 de fevereiro de 2010
3 min. de leitura
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Desorientado  e ferido, o morcego, uma das maiores espécies existentes em Portugal, refugiou-se numa escola de Portel. Uma inesperada lição de biodiversidade para as crianças que ajudaram à recuperação do animal, ameaçado de morrer de fome.

É uma história com final feliz, que envolve um morcego desorientado e sem rumo, por ter sido acordado abruptamente da hibernação. Possivelmente estaria dormindo nas imediações da barragem de Alqueva, onde abunda o morcego-hortelão – o maior das espécies europeias –, quando a abertura das comportas, devido às chuvas intensas, perturbou o seu sono. Desorientado e ferido, voou até uma escola da região, onde se deixou apanhar por alunos e professores para ser tratado pela Liga para a Proteção da Natureza (LPN). Está recuperado e pronto para regressar à liberdade.

Quando os alunos e os professores da escola de Monte do Trigo (Portel) chegaram numa manhã de chuva ao estabelecimento, encontraram uma espécie de bola de pelo castanha presa a uma parede, a cerca de um metro do chão. Afinal, era o solitário morcego  repousando. Pensaram que o melhor seria colocar este mamífero no interior de uma caixa com furos e ao anoitecer lançá-lo à rua para voltasse para junto dos seus. Plano cumprido à hora de saída da escola.

Porém, na manhã seguinte a comunidade escolar era surpreendida com a presença do morcego no mesmo local do dia anterior, como relata a educadora Céu Neves, que decidiu contactar a LPN. “Se fosse um cão, eu saberia como tratar dele. Mas um morcego é muito difícil”, admite. Carlos Cruz, do Núcleo de Évora da LPN, garante que “a escola salvou a vida” do animal, que corria sérios riscos de morrer de fome.

Além de estar desorientado, por acordar da habitual hibernação que ocorre nos meses mais frios do inverno, o morcego apresentava uma pequena lesão no patágio (membrana alar), devido a algum acidente que teria sofrido, impedindo o animal de voar em condições normais. Eis a razão pela qual se encontrava agarrado à parede a apenas um metro do chão, não conseguindo se resguardar melhor no cimo do edifício.

“Deve ter se arrastado pelo chão até encontrar a parede. Depois tentou subir, mas não conseguiu subir muito”, admite Carlos Cruz. O animal já está  recomposto, tendo sido alimentado na boca – a espécie prefere capturar as presas em voo – com uma dieta à base de insetos. O animal come o equivalente a metade do seu peso.

Uma das curiosidades da espécie é o fato da presença humana não ser propriamente algo que perturbe o morcego-hortelão. Bem ao contrário. Está adaptado a viver junto do homem, podendo mesmo vir a abrigar-se em edifícios. De resto, apesar de estatuto ainda sinistro que vai mantendo entre a sociedade, o morcego-hortelão está entre as espécies que durante noite desempenham um papel importante, ao se alimentarem de insetos. No fundo fazem o mesmo trabalho que as aves durante o dia.

“Têm uma importância fundamental na dinâmica de algumas populações de insetos. São preciosos colaboradores dos agricultores, porque protegem as culturas de pragas, alimentando-se em hortas, sendo esta a razão do seu nome comum”, explica o dirigente da LPN, revelando que “a espécie não tem uma importância destacada. Mas não é a que mais preocupa os conservacionistas”, numa altura em que existem outras em risco de extinção.

Fonte : DN Ciência

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