Moradores do Rio de Janeiro ligados à causa animal denunciaram um posto veterinário da Prefeitura do Rio de Janeiro por práticas irregulares contra cães e gatos. Segundo os denunciantes, alguns animais castrados na unidade de Paciência, na Zona Oeste, não receberam pontos nos cortes feitos durante as cirurgias de esterilização. No lugar da sutura, teria sido colocado um esparadrapo.
A denúncia foi feita após uma protetora de animais desconfiar de um curativo feito em uma gata castrada. “Queria saber como é que a gente faz pra tirar isso aqui [esparadrapo] agora. Olha só, tá grudado, não tem como tirar. Capaz de arrancar os pontos tudinho arrancando isso, aqui olha aí… Como é que tá, como é que faz uma coisa dessa?”, disse ao RJ2 a mulher que, mais tarde, descobriu que não havia pontos.
O mesmo aconteceu com outra protetora de animais. Ambas preferiram não ser identificadas ao relatar os fatos registrados em vídeos que mostram esparadrapos em cima de cortes na barriga de gatas castradas. “Olha, eu vou falar pra você, eu estou chocada. E não fui a única protetora que reclamou disso. Tiveram outros protetores que utilizaram os serviços lá no posto de Paciência. Passaram pela mesma situação, entendeu? É um absurdo. Eu nunca vi isso mais de 15 anos trabalhando resgatando animais e colocando pra adoção”, disse.
“Não tinha fio de sutura. Ela [a veterinária] colocou esparadrapo porque não tinha fio de sutura, justamente pra que a gente não visse que estava sem fio, né? E é um método que ela encontrou de fechar ali o local da incisão”, completou.
As denunciantes afirmam que receberam a orientação de não retirar o esparadrapo antes de uma semana, o que contraria as recomendações da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais, que orienta que o corte feito seja higienizado duas vezes por dia por dez dias, com aplicação de produto específico para auxiliar na cicatrização.
Em um vídeo, uma protetora filmou o esparadrapo na barriga de uma gata e relatou que o animal estava sofrendo. “O esparadrapo tá grudado, não sai, a gata tá super estressada. Já tentou me morder… Como que faz? A gente que castra animal em situação de rua, como que faz isso aqui, solta o animal assim?”, disse.
Ao ser questionado sobre o caso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária informou que providências serão tomadas, já que fechar a pele de um animal operado com esparadrapo não condiz com as recomendações do Colégio Brasileiro da categoria e podem causar problemas de saúde, como infecções.
A Prefeitura do Rio de Janeiro, por sua vez, alegou que as denúncias não refletem os protocolos seguidos nos postos municipais e afirmou que não existem reclamações formais sobre práticas irregulares. A administração municipal disse ainda que existem insumos suficientes e em estoque para atender aos animais operados.