Moradores do entorno da Praça Xavier de Brito, na Tijuca, Rio de Janeiro, têm manifestado preocupação com o bem-estar dos cavalos usados para passeios de crianças e adultos no local. Relatos apontam que os animais percorrem longas distâncias, vindos de bairros como Grajaú e Jacarepaguá, e permanecem em pé durante todo o dia, mesmo sob calor intenso.
— Num dia de calor infernal, um deles relinchava muito de dor. Um homem colocou uma criança no cavalo inquieto, depois montou e saiu pela praça. Era um cavalo pequeno e magro, e o homem era grande. Tive medo de filmar. Algo precisa ser feito. A prefeitura está omissa — diz um morador que preferiu não se identificar.
A Secretaria municipal de Proteção e Defesa dos Animais informa que não há denúncias oficiais de maus-tratos e que os animais são cuidados, vacinados e têm exames em dia.
— Eles ficam em área arborizada, com sombra, e não estão expostos ao sol intenso — afirma o chefe de fiscalização, Alceu Cardoso.
Sobre o deslocamento, Cardoso diz que a caminhada entre o Grajaú e a Tijuca, de cerca de quatro quilômetros, não representa riscos.
— Cavalos precisam se exercitar. Em esportes, percorrem até 120 quilômetros — explica.
Segundo Cardoso, o trabalho na Praça Xavier de Brito é liderado por Liziana Monteiro Carreiro, que utiliza os cavalos em atividades sociais, incluindo o tratamento de pessoas com lesões cerebrais e portadores de autismo.
Ele também garante que há tinas de água e alimentos disponíveis e que os tratadores levam feno e água para os animais.
— Os cavalos são acompanhados por um veterinário e vários tratadores. Nunca identificamos situações de maus-tratos — conclui Cardoso.
Para a arquiteta e ambientalista Isabelle de Loys, a prática é preocupante.
— Não sabemos a procedência desses cavalos nem as condições de descanso. Sem garantias de cuidado adequado, isso se configura como exploração. Já passou da hora de revermos essa prática — defende.
Fonte: O Globo