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MINAS GERAIS

Moradores de áreas atingidas por barragens da Vale são processados por tentarem salvar seus animais

24 de março de 2022
Thayanne Magalhães l Redação ANDA
3 min. de leitura
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Casa que a família de Ana Rita teve que deixar para trás em 2019 (Foto: Ana Rita Rodrigues/Arquivo pessoal)

Moradores da comunidade de Socorro, em Barão de Corais (MG), estão sendo processados pela Vale por terem ido buscar seus animais nas casas que foram obrigados a deixar em 2019. A área é considerada de alto risco.

Naquele ano, a barragem Sul Superior entrou em nível 3 de emergência, que significa possibilidade iminente de rompimento. Pela gravidade, estruturas deste tipo devem ser descaracterizadas até 2035.

As famílias vivem em casas provisórias pagas pela Vale.

Em dezembro do ano passado, a Justiça chegou a proibir que moradores voltassem ao distrito. Os atingidos dizem que foram obrigados a deixar seus animais, documentos e até fotografias para trás.

Esta ação faz parte de uma série de impasses judiciais entre a mineradora e as pessoas que tiveram que sair de suas casas.

Além da comunidade de Socorro, moradores dos distritos de Tabuleiro e Piteiras também tiveram que deixar estes locais.

Audiência

Uma audiência de conciliação foi realizada na última quinta-feira (24/03) para discutir a reparação e indenizações. Inicialmente, o Tribunal de Justiça disse que o processo movido seria um dos assuntos do encontro, mas depois retificou a informação e comunicou que a pauta será as ações civis públicas movidas pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública contra a empresa.

Em nota, a Vale informou que a audiência trata sobre os danos socioeconômicos causados e que a empresa segue “comprometida em reparar integralmente e com celeridade os impactos decorrentes da evacuação em Barão de Cocais”.

A Defensoria Pública de Minas Gerais disse que “um possível acordo encontra-se em fase de negociação, inclusive com nova audiência agendada para a segunda quinzena de maio. A Defensoria Pública ressalta sua crença na condução eficiente do Tribunal de Justiça na solução pacífica dos conflitos, através da mediação, sempre com ênfase em resultados práticos para os atingidos, suas famílias e a comunidade como um todo”.

Desalento

Ana Rita Souza Rodrigues, uma das moradoras afetadas, espera apenas por reparação. Ela já não tem expectativas de voltar para a casa, onde plantava verduras e criava os dois filhos com tranquilidade.

“Sonhar em voltar, a gente sonha. Mas cada dia vai ficando mais difícil. A gente só quer justiça”, disse a dona de casa.

Um relatório do Ministério Público, divulgado esta semana, mostra que dos 783 entrevistados, 74,3%, afirmaram ter tido a saúde mental prejudicada, 71,1% disseram que houve queda na qualidade de vida e 70,1% relataram que foram obrigados a alterar seus hábitos ou costumes por causa da barragem.

A Vale não informou sobre um plano de resgate dos animais deixados para trás pelos moradores obrigados a deixar suas casas e seus cães, gatos e outros animais na área abandonada.

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