A coruja buraqueira, Athene cunicularia, é uma espécie facilmente encontrada em centros urbanos, sendo vítima frequente de ações humanas. Segundo a doutora Vanessa Kanaan, a ave tem o hábito de fazer ninhos no solo e por isso, com a expansão imobiliária e agrícola, está perdendo espaço e seu habitat natural.
Para promover a preservação, diversos projetos são realizados. Na praia de Mariscal, em Bombinhas, no Litoral Norte de Santa Catarina, foram colocadas placas sinalizando as tocas para que os visitantes e moradores tomem cuidado para não danificar o local. Já na Praia Mole, em Florianópolis, os surfistas instalaram placas indicando as tocas.
Em Bombinhas, a iniciativa foi da ONG SOS Mariscal e da Associação dos Amigos da Praia do Mariscal. “Colocamos as placas por causa da falta de conhecimento dos veranistas. Tinha gente que jogava pedra, mexia nos ninhos, então nós mapeamos os ninhos e alertamos os turistas de que esta é uma ave nativa, que é dócil”, explica Tiago Girolamo, presidente da associação.
Esta espécie é encontrada em praticamente toda a América, entre o Canadá e a Terra do Fogo, no extremo Sul. Diferentemente de outras espécies de corujas, a buraqueira tem hábitos também diurnos. Segundo a bióloga, elas possuem audição apurada e conseguem girar o pescoço a 270º, o que aumenta o campo visual e facilita a caça. Na dieta estão incluídos insetos, roedores, repteis, anfíbios e pequenos mamíferos.
As corujas acompanham a história do homem desde a antiguidade, e, de acordo com a tradição, eram conhecidas como símbolos de sabedoria, nobreza e força. O fato de serem o topo da cadeia alimentar junto com outras aves de rapina faz com que sejam predadoras exemplares. “Elas chamam a atenção por serem a espécie de coruja mais comum e conhecida no Brasil, por também possuírem hábitos diurnos e por habitarem áreas urbanizadas, podendo ser visualizadas com mais facilidade do que outras espécies”, explica Vanessa.
Uma das curiosidades a respeito da ave é a monogamia. A época de reprodução ocorre entre março e abril e, enquanto a fêmea coloca os ovos, o macho providencia a alimentação. Além disso, quando os filhotes estão no ninho, eles são cuidados pelo macho.
Apesar de ainda ser considerada comum na América do Sul, essa espécie encontra-se em declínio em algumas regiões do hemisfério Norte. “Ela é considerada ameaçada de extinção no Canadá e algumas regiões dos EUA, devido à perda de habitat e envenenamento por agrotóxicos”, explica a doutora Vanessa.
Fonte: G1.