Nanci Dainezi
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Indignada ao ter seu terceiro gato envenenado no residencial12, em Alphaville, SP, onde reside há12 anos, a professora de inglês Fátima Regina Vanoni Matta iniciou uma campanha interna para alertar os tutores de animais sobre o que estava acontecendo. “Eu não acreditei quando, ao voltar de uma viagem, no final do ano passado, encontrei meu gato Ramanás morto, com sinais de envenenamento. Já tinha perdido um gato desta forma em 2003 e outro em agosto de 2008, que não era meu, mas que eu alimentava quando ele aparecia. Ao contar para as pessoas o que tinha acontecido, soube que, na mesma época em que o Ramanás tinha sido morto, vários outros gatos de estimação e também cães haviam sido envenenados. Todas as pessoas com quem eu conversava tinham uma história triste com animais para contar, e a passividade e o conformismo com essa brutalidade me fizeram agir”, diz.
A princípio, as ações de Fátima não surtiram efeito. “Solicitei à diretoria do residencial que divulgasse no Jornal Interno dicas de como afastar os animais intrusos sem precisar envenená-los. Quando percebi que ações concretas não seriam tomadas, comecei a escrever circulares e a distribuí-las sozinha”, conta.
Assim que as pessoas começaram a ler as circulares escritas por Fátima, que continham desde textos filosóficos sobre a importância dos animais até informações sobre como salvar um animal em caso de envenenamento, começaram também a questioná-la sobre a necessidade de se fazer uma circular mais ampla, com mais dicas e informações sobre os bichos de estimação. Foi então que Fátima decidiu lançar um jornal com recursos próprios. “Com o jornal, fico articulando contatos que possam vir a engrossar esta causa. Fico sempre em contato com o gabinete do vereador Tripoli em São Paulo e me inteiro do que está acontecendo por lá. Foi assim que soube que o município de São Paulo recebeu uma verba de R$ 1 milhão para um pacote de medidas em prol dos animais. Também mantenho contato com os vereadores de Parnaíba, com representantes do Centro de Zoonoses, e assim vou caminhando. Tenho esperança de que, se um número maior de pessoas ler o que escrevo no jornal, um maior número de vidas serão salvas”, declara.
O que Fátima quer é informar a todos que maltratar animais é crime, punido por lei, e que elas podem, sim, denunciar os que envenenam, judiam e matam bichos. Além disso, ela pretende sensibilizar aqueles que nunca conviveram com um animal, assim como as secretarias de Educação, com projetos que envolvam crianças, e os vereadores, para que criem leis de proteção, salas de castração gratuitas para animais, incluindo os que vivem nas ruas, e um melhor centro de zoonoses. “Os animais são seres que dividem este planeta, e, portanto, têm a mesma importância no mundo. Eles sentem fome, frio, sede porque os seus órgãos internos são parecidos com os dos humanos, assim eu não consigo sentir esta diferença que a maioria insiste em declarar”, diz.