A Sandra da Silva fez reclamaçõe uma denúncia sobre a falta de atendimento no Centro de Controle de Zoonoses ao portal Jornal de Uberaba. O fato que aconteceu na última terça-feira, 17, foi detalhado pela autora da reclamação.
“Encontrei um cachorro na calçada, na rua Quintiliano Jardim, por volta do meio-dia. Ele chorava de um jeito parecendo que estava pedindo socorro, com dor. Imaginei que ele tivesse sido atropelado. Pedi para o pessoal que estava passando o telefone da Supra. Uma moça me deu o telefone da vereadora Denise, que foi presidente da instituição, e liguei para ela e perguntei se tinha algum veículo que pudesse remover o animal. A vereadora disse que a Supra não possui veículos. Perguntei onde a Supra ficava, para que eu pudesse levar o animal até o local. Ela disse que não iria aceitar o animal, porque lá tem mais de 400 e ao final, não sei se a ligação caiu ou se foi cortada propositalmente,” comenta.
Sem resposta positiva na Supra, da Silva conta que encontrou uma amiga, que fez uma sugestão. “Ela sugeriu que levássemos o animal para a Zoonoses, que é um órgão público e teoricamente cuida desses problemas. Quando chegamos lá, fomos impedidas de deixar o cachorro no local. Disseram que só recebem animais com leishmaniose ou raiva,” afirma.
Após a negativa na Zoonoses, a polícia ambiental foi chamada. “Chamamos a Polícia Ambiental para registrar ocorrência que a Zoonoses não queria receber o animal. Como a polícia ambiental demorou, nós chamamos a polícia militar. Achei que eles (a polícia militar) foram meio irônicos, dizendo que eles tinham mais o que fazer, do que ficar preocupados com cachorros. Não foi permitida a entrada do cachorro na Zoonoses e teve um momento em que, depois de pedirmos muitas vezes, conseguimos com um funcionário um pote com água. Quando a polícia ambiental chegou, a mulher que é chefe do canil, veio gentilmente, e trouxe uma vasilha com ração e outra com água e colocou de fora da primeira entrada da instituição. Nós relatamos o que aconteceu para a polícia ambiental e viemos embora” acrescenta.
No boletim de ocorrência redigido pela Polícia Militar, consta que as amigas abandonaram o cachorro na porta da Zoonoses, fato negado por Sandra.
“Ninguém em sã consciência iria chamar polícia militar, polícia de meio ambiente, para abandonar o cachorro na porta da Zoonoses como está no boletim de ocorrência. Seria um tiro no pé,” argumenta.
No dia seguinte, na quarta-feira, 18, Sandra e a amiga foram ao Ministério Público. “Fizemos uma denúncia junto ao Ministério Público contra a Zoonoses, e pedimos para que fosse averiguado o que está acontecendo de fato na instituição. Acho que um cachorro debilitado daquele jeito, no mínimo, deveria ser feito um hemograma para ver se não tem nenhuma doença que ofereça risco ao ser humano. Depois, oferecer para doação ou algo do gênero. Uma coisa que me ocorreu e eu espero que não esteja ocorrendo lá na Zoonoses é a morte induzida. Por isso, fomos ao Ministério Público, para que seja tomada as providências cabíveis,” encerra.
Resposta
Chefe de Seção do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Karina Martins, deu a versão da instituição, sobre o ocorrido. “A obrigação do CCZ é monitorar animais com raiva ou leishmaniose, doenças que podem ser transmitidas para os seres humanos. Temos uma estimativa que hoje, em Uberaba, exista aproximadamente 10 mil animais abandonados. Infelizmente, não temos estrutura física ou de pessoal para abrigar e atender todos eles. Temos espaço para abrigar 30 animais. O cão que foi trazido pelas duas mulheres, era idoso, tinha uma cicatriz grande e calos, porém estava saudável,” esclarece.
Martins conta que a instituição recolhe animais em situação crítica. “Na medida do possível, recolhemos animais abandonados em situação crítica. Como por exemplo, animais que foram atropelados. Porém, sempre precisamos levar em consideração o espaço que temos disponível,” explica.
Assim, como consta no Boletim de Ocorrência, a chefe de seção também disse que as mulheres abandonaram o animal. “Quando elas chegaram, tiveram dificuldade de tirar o cachorro do carro e me prontifiquei a ajudar. Perguntei se elas estavam trazendo o animal para tomar vacina e a mulher que acompanhava a Sandra disse que não. Essa moça entrou gritando dizendo que não adiantava falarmos que não podia deixar o animal aqui, porque ela iria deixar, pois aqui é o Zoonoses. Chamou a polícia ambiental e a imprensa. A preocupação com o cachorro foi muito pequena. Veio para fazer barraco. Entraram no carro e abandonaram o animal no meio da rua,” conclui.
Fonte: Jornal de Uberaba