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PREVENÇÃO

“Momento histórico” no desenvolvimento de vacina para proteger elefantes contra tipo vírus fatal

4 de outubro de 2025
Filipe Pimentel Rações
3 min. de leitura
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Foto: paweldotio / Unsplash

O herpesvírus endoteliotrópico dos elefantes (EEHV) é uma das principais causas da morte de crias e juvenis de elefantes-asiáticos (Elephas maximus).

O vírus causa hemorragia descontrolada que pode matar o animal em menos de 24 horas. No caso dos elefantes juvenis, a taxa de mortalidade é superior aos 80%.

Embora tenha um maior impacto nos elefantes-asiáticos, cada vez mais casos de infeção em elefantes-da-savana (Loxodonta africana) estão a ser registados. Ambas as espécies estão classificadas como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, pelo que os cientistas têm tentado encontrar uma vacina que ajude a combater essa ameaça.

Esta sexta-feira, num artigo publicado na revista ‘Nature Communications’, um grupo de cientistas diz ter alcançado um “momento histórico” no desenvolvimento da vacina para proteger os elefantes contra do EEHV.

O estudo tem por base um primeiro ensaio clínico da vacina que envolvem elefantes adultos do Chester Zoo, um parque zoológico no Reino Unido, e os autores revelam que não se registaram efeitos secundários e que se conseguiu “ativar uma parte-chave do sistema imunitário que ajuda a combater os vírus”.

“Este é um momento histórico no nosso trabalho para desenvolver vacinas seguras e eficazes”, diz, em comunicado, Falko Steinbach, um dos principais autores do artigo.

“Pela primeira vez, mostrámos em elefantes que uma vacina pode ativar o tipo de resposta imunitária precisa para protegê-los contra o EEHV”, aponta o docente de imunologia veterinária da Universidade de Surrey.

A equipa, que conta também com a participação da agência britânica de saúde animal e vegetal, explica que o ensaio consistiu na vacinação em duas fases: na primeira, os elefantes foram vacinados com um vetor que transporta algumas das proteínas que compõem o EEHV; numa segunda, receberam outra dose de proteínas, dessa feita para reforçar a resposta imunitária.

Depois de analisarem amostras de sangue após a vacinação, os cientistas concluíram que tudo indica que a vacina pode prevenir a mortalidade nas crias de elefantes causada pelo EEHV e ajudar, assim, nos esforços globais de conservação dessas espécies ameaçadas de grandes mamíferos.

Para Tanja Maehr, virologista da Agência de Saúde Animal e Vegetal e primeira autora do estudo, “as nossas descobertas trazem uma esperança real de que a vacinação se pode tornar uma ferramenta prática para prevenir a doença grave e a morte devido ao EEHV”.

Acrescenta a investigadora que o próximo passo é alargar o ensaio a crias e juvenis e levá-lo para os países onde existem populações selvagens de elefantes, “para que possamos começar a proteger aqueles que estão em maior risco”.

A vacina está a ser desenvolvida há vários anos e foi pela primeira vez administrada num elefante em 2021, no Chester Zoo. Embora reconheçam que o problema não está ainda resolvido e que não há, para já, garantias de que se possa pôr um fim ás mortes por EEHV, os cientistas têm esperança de que este é um passo importante em direção a esse grande objetivo.

Fonte: Greensavers

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