Por Claudia Braghetto (da Redação)
Tubarões já estão em demanda pelas suas barbatanas e agora foi revelado que seus fígados estão sendo usados para produzir creme de luxo para o rosto.
A modelo e ativista dos direitos dos animais, Lily Cole, protestou contra o uso de esqualeno, um óleo extraído dos fígados de tubarões em perigo de extinção, no Hay Festival. As informações são do Daily Mail.
Como uma das modelos mais bem sucedidas da Grã-Bretanha, Cole tem calibre quando o assunto é o mundo da moda e beleza. Ela é conhecida por usar a sua fama para promover causas ambientais e esta mais recente não é diferente.
Ela expôs um dos segredos mais obscuros do mercado de beleza – sua dependência em matar tubarões para obter um ingrediente cosmético importante.
Cole foi acompanhada no palco por Alannah Weston, diretora de criação da Selfridges, uma loja de departamentos, que anunciou que irão limpar suas prateleiras de todos os produtos contendo esqualeno derivado de tubarões.
Quase todos os produtos de beleza usam uma brecha no regulamento de rótulos europeu para evitar revelar a origem da substância, relatou o Sunday Times.
“Tubarões estão entre as espécies mais vulneráveis do oceano”, disse Weston. “A matança de tubarões é só mais um exemplo da destruição do oceano e suas criaturas pelo ser humano”.
A substância é produzida pelo fígado dos tubarões para ajudar a controlar a flutuabilidade deles na água.
Os fígados de tubarões de águas mais profundas, de 700 a 13.000 pés abaixo da superfície, contém grandes quantidades do óleo, o que os tornou um alvo de popularidade crescente entre as frotas pesqueiras.
Tubarões gulper, um grupo de compridos e delgados cações, com bocas muito largas, são lembrados por produzir o esqualeno de melhor qualidade, com o óleo chegando a valer 18.000 libras por tonelada. Algumas espécies enfrentam a extinção no nordeste do Atlântico.
Uma investigação recente, feita pela Bloom, uma instituição de caridade francesa para conservação marinha, sugeriu que por volta de três mil tubarões de profundidade estariam sendo pegos todos os anos pela indústria de cosméticos, com a demanda global pelo óleo de tubarão alcançando cerca de 2.500 mil toneladas em 2010.
Romain Chabrol, o autor do relatório, disse: “Parece que existe um fenômeno distinto de retirada do fígado, no qual o fígado é removido e a carcaça jogada de volta ao mar, similar à retirada da barbatana, quando os tubarões tem suas barbatanas cortadas fora antes de serem jogados de volta, machucados e, geralmente, ainda vivos”.
O modo horrível como o esqualeno é obtido está em forte contraste com os seus usos. Fabricantes de cosméticos se vangloriam de seu poder como um hidratante natural, valioso em uma grande variedade de produtos para a pele. Também é vantajoso em relação aos rótulos, pois não há obrigatoriedade para fabricantes declararem a sua origem, e muitas pessoas nunca ouviram falar dele.
“L’Oreal, Procter & Gamble e a linha de cuidado com a pele Dove, da Unilever, usaram esqualeno derivado de tubarões em seus produtos, mas tem eliminado gradualmente o material.”
Alguns fabricantes tem respondido às preocupações. O Sunday Times noticiou que L’Oreal, Procter & Gamble e a linha de cuidado com a pele Dove, da Unilever, usaram esqualeno derivado de tubarões em seus produtos, mas eles tem eliminado gradualmente o material. A Unilever diz que o esqualeno foi substituído com derivados de plantas há dois ou três anos atrás.
Chabrol disse que tais mudanças significam que os mercados principais estão agora no Extremo Oriente. “O Japão é o líder de mercado de esqualeno no mundo, somando 40% da demanda global”.
Heather Koldewey, da ZSL, disse que a Grã-Bretanha já tinha visto a quase extinção do tubarão squatina, e de muitos outros de seus 30 tubarões e espécies de raias e rajidae ameaçados. “Proteger as áreas onde eles se reúnem para se alimentarem, reproduzirem ou botar ovos é uma estratégia de bom potencial. Nós queremos que a área em volta de Manacles seja declarada uma zona de conservação marinha principalmente por causa de seus tubarões.“
A filantropa Cole, 25, se uniu a outras figuras do mundo da moda para apelar ao governo para que apoie a proibição de pesticidas de neonicotinóides, ligados ao declínio das populações de abelhas no mês passado.
Ela também tem atuado como uma ativista da marca Body Shop, protesta por moda ética e, recentemente, viajou para o Acre, no noroeste do Brasil, como parte de seu papel como embaixadora do Sky Rainforest Rescue – A parceria da Sky e do WWF para ajudar a salvar um bilhão de árvores na floresta tropical da Amazônia.