Belo Horizonte bateu um recorde histórico na última semana: a temperatura chegou a 38,6ºC, a maior já registrada na capital. Segundo especialistas, as mudanças climáticas contribuem para o calor e outros eventos extremos e, para evitar que a situação do planeta piore, as cidades precisam agir localmente e com urgência.
Em BH, uma das principais medidas adotadas é o plantio de árvores. No ano passado, a prefeitura criou um projeto de miniflorestas, que busca gerar “ilhas de biodiversidade” em áreas antes degradadas e usadas como bota-fora.
Atualmente, a cidade tem cinco miniflorestas, onde mais de 1,7 mil árvores foram plantadas. Até o fim do ano, de acordo com o município, serão implantadas mais oito.
Outro projeto é o “Montes Verdes”, criado em 2016 para a recuperação e revegetação de áreas verdes públicas. Segundo a prefeitura, mais de 30 mil mudas foram plantadas.
“A conservação de matas e florestas pode ajudar a reduzir o aquecimento global, porque as árvores são consumidoras de gás carbônico, elas podem sequestrar esse carbono e não deixar ir tanto para a atmosfera”, explicou a bióloga e pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Yumi Oki.
No entanto, a especialista afirma que medidas de absorção de carbono não são suficientes. É preciso investir também na redução da produção de gases do efeito estufa.
Com essa ideia, a prefeitura lançou, na semana passada, um plano de mobilidade que prevê a substituição de 40% da frota do transporte municipal por ônibus com energia limpa até 2030. Uma alternativa estudada são os ônibus elétricos – os veículos vêm sendo testados na capital há quase dez anos, mas ainda não foram implementados na prática.
O plano também inclui investimentos em ciclovias. Atualmente, Belo Horizonte tem 105,9 km de infraestrutura – a meta era que a cidade tivesse 400 km até 2020.
“Tudo o que a gente puder fazer para reduzir o consumo e a produção, no sentido de reutilizar e reciclar, evita a queima de combustível fóssil. Precisamos pensar em formas de energia limpa para reduzir esses impactos das mudanças climáticas”, afirmou Yumi.
Falta informação
Para a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, a adoção de medidas de combate às mudanças climáticas deve ser uma responsabilidade compartilhada entre poder público e sociedade. Mas, para isso, é necessário mais investimento em conscientização e educação ambiental.
“É uma questão seríssima, e a emissão de gases acontece de diversas fontes: de veículos, do desmatamento. Acho que o poder público não está nem engatinhando no que se refere a informar a população”, disse Dalce.
Segundo ela, algumas ações que as pessoas podem adotar para contribuir para a redução da emissão de poluentes são:
- economizar água e energia;
- evitar o desperdício de alimentos;
- reduzir o consumo;
- reciclar;
- informar-se sobre a posição dos representantes políticos sobre o assunto antes de votar.
“Os adultos e as crianças têm que ser informados. É necessária a inserção formal no currículo escolar. Muitos professores até tentam fazer alguma coisa, mas dispõem de pouco material didático, muitas vezes os livros não tratam do assunto com profundidade. As pessoas precisam mudar o comportamento, mas é mais difícil mudar o comportamento quando não se tem informação”, afirmou.
Aquecimento global
No mês passado, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC) alertou que a temperatura da Terra pode aumentar 2,6ºC até 2100.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aquecimento global pode levar à extinção de espécies. O fenômeno também causa impactos como alteração na frequência e intensidade de chuvas, elevação do nível do mar e intensificação de inundações, ondas de calor e secas prolongadas.
Fonte: g1 Minas