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IRRESPONSÁVEL E CRIMINOSO

Ming, molusco de 507 anos, morre após cientistas abrirem sua concha para estudar sua longevidade

Para obter respostas, os cientistas sacrificaram a própria vida que poderia revelá-las, transformando um símbolo de resistência em objeto de estudo.

9 de outubro de 2025
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Bangor University

Ming, um molusco bivalve islandês da espécie Arctica islandica, viveu silenciosamente por mais de meio milênio nas águas frias do Atlântico Norte. Sobreviveu a guerras, pandemias e à própria transformação do planeta. Mas não resistiu à curiosidade humana, foi morto por cientistas durante uma pesquisa que buscava entender justamente o segredo de sua longevidade.

O molusco, apelidado de Ming por ter nascido na época da dinastia chinesa homônima, tinha 507 anos quando foi aberto em laboratório. A morte ocorreu durante o processo de medição de sua idade, os pesquisadores decidiram abrir sua concha para contar os anéis de crescimento, procedimento fatal para o animal.

Em nome da ciência e do avanço do conhecimento, a vida de um animal que carregava em si uma história de meio milênio foi tirada. O valor simbólico e ético da existência de Ming parece ter sido ignorado diante da busca por precisão científica.

A justificativa para o ato foi a de abrir a sua concha, com o objetivo declarado de estudar detalhadamente a espécie e precisar a sua idade, que era inicialmente calculada em 405 anos. A confirmação posterior dos 507 anos, obtida através da reanálise de dados e datação por carbono-14, veio, portanto, às custas da vida que pretendiam mensurar.

A ciência, que tanto poderia aprender observando Ming em seu estado natural, optou pela via mais destrutiva e irreversível.

Hoje, os restos de Ming são estudados para compreender as mudanças climáticas desde o século XVI, e o molusco que viveu mais do que qualquer humano conhecido foi silenciado justamente por quem deveria aprender com sua resistência.

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