O “Projeto Atropelados” realizado em Uberaba tem dados que comprovam uma situação perigosa nas rodovias: o atropelamento de animais. O estudo, que durou dois anos, registrou a média de 120 animais atropelados por ano. E para evitar essa situação, especialistas sugerem medidas como educação ambiental.
Segundo o coordenador do projeto, Rafael Ferraz, os números de animais atropelados levados em conta são apenas dos visualizados durante o monitoramento.
“O projeto monitorou duas rodovias da região por dois anos: a MG-427 que liga Uberaba à Nova Ponte e BR-050 que liga Uberaba à Uberlândia. A escolha dessas rodovias se deu pelas características próprias. Enquanto a MG-427 é uma rodovia de pista simples sem muros de proteção com muitos trechos em curva, a BR-050 é uma rodovia de pista dupla composta principalmente por retas longas.
Na primeira rodovia citada, a paisagem de entorno é característico do cerradão, enquanto a segunda possui também áreas de buritizais, influenciando bastante na diversidade de espécies.” explica o coordenador Rafael Ferraz.
Ainda segundo o coordenador do projeto, há diferença entre os tipos de animais atropelados em cada rodovia que corta Uberaba. “Na MG-427, as aves e mamíferos correspondem a 45% dos atropelamentos, cada. Já na BR-050, os mamíferos somam mais de 70% dos casos de atropelamento. Um ponto importante na região é a questão do transporte de grãos: os caminhões acabam vazando grande quantidade de sementes que atraem aves e mamíferos, que acabam atraindo outros animais, gerando um ciclo sem fim.” diz Rafael.
A lista das espécies atropeladas inclui na grande maioria animais silvestres.
“Na nossa região, o animal mais atropelado é o Tatupeba, animal símbolo do projeto. Isso ocorre porque esta espécie opta por usar os acostamentos para construir suas tocas, bem como para se alimentar. Assim, se torna vítima rotineira dos atropelamentos. Porém, algumas espécies de grande importância conservacionista têm alcançado números críticos de atropelamento. Para se ter ideia, na região, mais de 20 exemplares de tamanduá-bandeira são atropelados todos os anos. Esses valores são semelhantes para outras espécies como lobo-guará, cachorro-do-mato, entre outros.” conclui.
Atendimento
Claudio Yudi, veterinário do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), diz que entre dez animais atropelados que são levados até o hospital, seis morrem, dois sofrem mutilação e dois sobrevivem sem sequelas.
“No dia 8 deste mês, tivemos um caso de um lobo-guará. O animal foi encaminhado pelo Corpo de Bombeiros e, provavelmente, sofreu uma batida na cabeça. Fizemos os primeiros atendimentos, mas infelizmente ele morreu no dia seguinte. Casos assim são comuns de acontecer na nossa região”, cita o veterinário.
Devido ao perigo para os motoristas e animais, Rafael Ferraz apresenta exemplos que podem ser adotados para amenizar a situação. Segundo ele, a educação ambiental, como evitar jogar lixo nos acostamentos, é de grande importância, já que ajuda na preservação da fauna.
“Quando falamos das medidas mitigatórias (medidas para reduzir riscos), a instalação de placas sinalizadoras de passagem de fauna, os radares, as zoopassagens e as cercas são as alternativas mais usadas em todo o mundo. Porém, novas alternativas têm surgido. Em Prata, no Triângulo Mineiro, pesquisadores já buscam a instalação de sensores de infravermelho que acionam luzes sobre o trecho em que o animal está, alertando tanto o motorista quanto informando ao animal uma espécie de faixa de pedestres” conclui Rafael.
Fonte: G1