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Militares brasileiros não conseguem conter o aumento do desmatamento da Amazônia

21 de junho de 2020
3 min. de leitura
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Pixabay

O desmatamento na Amazônia Brasileira subiu pelo 13º mês consecutivo em maio, segundo dados oficiais publicados na última semana. O aumento ocorreu a despeito de o presidente Jair Bolsonaro ter enviado militares para combater a destruição ambiental crescente na região.

A destruição na Amazônia Brasileira aumentou 12% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo a análise preliminar dos dados de satélites divulgados pela agência de pesquisa espacial INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O aumento na destruição contradiz o vice-presidente brasileiro, que no início da semana aplaudiu os militares por controlarem o desmatamento no mês passado.

De janeiro a maio deste ano o desmatamento aumentou 34% em relação ao ano anterior, subindo para 2.032 quilômetros quadrados, uma área mais de duas vezes maior do que a cidade de Nova York.

Em maio Bolsonaro, ex-capitão do exército, enviou os militares para proteger a Amazônia, repetindo um movimento semelhante ao que fez em agosto do ano passado, quando os protestos internacionais cresciam em torno dos incêndios florestais.

“Agora, no mês de maio, com os militares em campo, os alertas de desmatamento continuaram altos, então esse não é um modelo eficaz para reduzir o desmatamento”, disse Cristiane Mazzetti, ativista florestal do Greenpeace Brasil.

Segundo Mazzetti, em vez de operações militares pontuais, o governo deveria estar reforçando planos permanentes e de longo prazo para proteger a Amazônia usando órgãos ambientais como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que Bolsonaro tem agressivamente procurado enfraquecer.

Nesta quarta-feira (10), Bolsonaro prorrogou o destacamento militar por mais 30 dias.

O aumento registrado em maio contradisse os comentários do vice-presidente Hamilton Mourão, um general aposentado do Exército que lidera a resposta do governo na Amazônia.

“O desmatamento no mês de maio caiu para o menor índice, em comparação com os anos anteriores, então nosso primeiro objetivo foi alcançado”, disse Mourão em entrevista coletiva na terça-feira (9) saudando o sucesso dos militares.

O gabinete de Mourão não respondeu imediatamente a perguntas sobre a contradição.

Ambientalistas também criticaram os gastos envolvidos no uso dos militares, que custaram 60 milhões de reais nos primeiros 30 dias, segundo estimativas do governo.

Bolsonaro tem pressionado pelo desenvolvimento econômico da Amazônia, que, segundo ele, vai tirar a população local da pobreza, mas os defensores do meio ambiente culpam suas políticas por fortalecerem madeireiros ilegais, fazendeiros e especuladores de terras

Dados divulgados pela Mapbiomas – uma iniciativa privada que realiza mapeamento por satélite – no mês passado mostraram que 99% do desmatamento brasileiro em 2019 foi ilegal.

Os cientistas veem a proteção da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, como uma atitude vital para conter as mudanças climáticas, pois sua vegetação absorve grandes quantidades de dióxido de carbono.

O aumento do desmatamento este ano complementa uma alta de 11 anos em 2019. Nesta quarta-feira o INPE revisou os números de 2019 subindo de de 29,5% no cálculo preliminar, para 34% o aumento na taxa de desmatamento.


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